Sergipe possui cerca de 30 comunidades quilombolas e outras em processos de certificação. Um estudo pioneiro sobre essas comunidades está sendo desenvolvido pelo mestre em Saúde Coletiva, Roberto dos Santos Lacerda. O objetivo do estudo é identificar e mapear as práticas tradicionais de saúde nas comunidades, a fim de valorizar e reconhecer essas práticas e inserir no Sistema Único de Saúde (SUS).
O pesquisador Roberto dos Santos destaca que é importante reconhecer essas práticas das comunidades quilombolas, que muitas vezes são excluídas do acesso à saúde. “Exemplos destas práticas é a utilização de ervas, as benzedeiras, orações, rezas, cuidados em relação ao parto. Além das práticas que possuem relação ancestral e a relação com a natureza e o cuidado da saúde”.
De acordo com o pesquisador a pesquisa irá possibilitar a divulgação dos saberes e práticas de saúde que existem nas comunidades quilombolas do estado. “Além de dar visibilidade ao conhecimento existente nas comunidades, será possível conhecer as condições de saúde nas comunidades, a fim de fomentar ações que garantam maior acesso ao SUS e maior valorização das práticas de saúde existentes”, ressaltou.
A meta da pesquisa é visitar todas as comunidades reconhecidas em Sergipe como quilombolas. Segundo o professor Roberto dos Santos, a pesquisa é inédita no estado. A expectativa é que possam ser desenvolvidas mais pesquisas sobre as comunidades quilombolas. “A partir desta pesquisa estou desenvolvendo uma tese de doutorado e passará para a fase analítica onde investigaremos sobre saúde, territorialidade e conservação ambiental”, pontuou o pesquisador.
Resultados
A necessidade de investigar as comunidades quilombolas surgiu em 2010 quando o pesquisador Roberto dos Santos iniciou os trabalhos de pesquisa em comunidades quilombolas na Bahia num projeto da Escola de Enfermagem da UFBA chamado “Sustentabilidade e Saúde: promoção do desenvolvimento em Comunidades Quilombolas”. Outro fator que levou ao desenvolvimento da pesquisa foi a publicação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS reconhecendo a importância das práticas tradicionais do Ministério da Saúde.
O pesquisador identificou durante as visitas realizadas uma comunidade quilombola que possui uma grande cuidadora. A partir disso, foi estudada a forma que ela utiliza essas práticas ancestrais e tradicionais a fim de garantir a saúde de sua comunidade.
O projeto irá registrar além de um catálogo com os produtos adquiridos na pesquisa, o material audiovisual como, vídeos, fotografias para a elaboração de exposições e um documentário. Para o professor, “este material irá fazer com que o sergipano reconheça a riqueza que existe no Brasil e em Sergipe preservando a saúde, os saberes e práticas ancestrais promovendo a saúde dos membros desta comunidade”.
PPSUS
A pesquisa com as comunidades quilombolas é fruto do edital do Programa de Pesquisas para o SUS desenvolvido pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec/SE). O programa tem por objetivo desenvolver pesquisas voltadas para as demandas do SUS.
Fonte e foto: Ascom/Fapitec