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Alguma coisa acontece no meu coração…

Por Antonio Manuel Blinofi Cruz Messias*

Diferente de Caetano, não cheguei a passar em frente ao bar Brahma e ver o cruzamento da AV. Ipiranga com a rua São João, entretanto, muitas foram as encruzilhadas de sentimentos e emoções ocasionadas no centro psicológico dos meus átrios e ventrículos ao ter o privilégio de conhecer a terra da Garoa pela primeira vez.

Decidi chamar esse relato de “meio do mundo”, pois foi dessa maneira que resolvi apelidar carinhosamente essa cidade tão singular. Na matemática cartesiana, “meio” seria definido como um lugar dentro de um conjunto que o dividiria em partes iguais e seria a intersecção de todas essas partes. Portanto, não imaginei definição melhor para representar minimamente o que interpretei desse lugar em que o que predomina é a falta de predominância de realidades culturais, sociais, humanas, etc., sendo assim, uma intensa e extremamente palpável miscigenação, mistura, encontro de todos e tudo que há de presente no planeta.

A princípio, sendo um garoto de 16 anos vindo de uma elite social numa capital interiorana e provincial de um estado nordestino, tive o primeiro choque ao entender que ali rostos, fenótipos e estereótipos não seguem a nenhum padrão a qual eu me acostumei na bolha social majoritariamente branca, portuguesa e aristocrata a qual estou inserido. Para muito além de condições socioeconômicas, o contingente populacional paulistano é diverso em origem, costume, feição e cultura, fato esse expresso diretamente na excepcional (e em minha opinião, melhor do mundo) gastronomia de São Paulo que no maior estilo cosmopolita e metropolitano, abrange tudo que alguém possa desejar para agradar o trato digestivo e o sistema de recompensa do córtex gustativo primário. Mas, deixando a bioquímica do sistema nervoso de lado, essas bases da construção de uma cidade “misturada” me inspiraram a enxergar São Paulo como o meio do mundo.

Além disso, nos referimos a “meio” como: modo, forma, maneira de alcançar algum objetivo. Por conseguinte, utilizei essa polissemia para englobar com o título outra reflexão principal que tive sobre sampa. Na minha passagem favorita da canção que utilizei no início, Caetano observa que em São Paulo é evidente “a força da grana que ergue e destrói coisas belas”. Já achava essa frase forte e linda antes, mas, após conhecer a cidade, consegui compreender que Caetano cria exatamente o jargão definidor de tudo que move a selva de pedra. Essa frase explicita que o concreto, a fumaça, a poluição, a gentrificação, a conurbação, o trânsito, a sujeira, os arranha-céus, museus, monumentos e, como pilar de tudo isso, a grana, é o que torna São Paulo o que ela é, um “meio”, de alcançar sonhos, de encontrar possibilidades, arranjar empregos, acumular conhecimentos e experiências para engrandecer a passagem por esse universo.

Por fim, queria aproveitar que citei a passagem pelo universo, para emanar a ele meu desejo de usar sampa como o meu meio particular de amadurecimento e formulação da minha viagem por este plano. Usar da USP e do largo do são Francisco para absorver essa noção de mundo presente da vida paulista se tornou a prioridade da minha vida até então, visto que, me contaram que lá é possível aprender o que é a realidade para assim, novos baianos, sergipanos e humanos possam curtir sampa e a vida, numa boa.

*Estudante 2° ano ensino médio CCPA.

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