O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Sergipe, Eduardo Prado de Oliveira, se une à luta do segmento calçadista contra a prática do dumping e visando o desenvolvimento do setor. Uma das ações já realizadas foi o envio de ofícios aos ministros participantes da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) a fim de poder viabilizar a prorrogação do direito antidumping, que visa proteger o segmento nacional em detrimento da indústria chinesa, que pratica preços abaixo do mercado, e vencerá no próximo dia 5 de março.
Em Sergipe, de acordo com a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e da Previdência Social, de 2014, existem 20 indústrias na fabricação de calçados de diversos tipos, como couros, sintéticos e empregam 4.481 pessoas. No citado ano, de acordo com matéria do site Exame.com, a indústria Azaléia fechou três das suas unidades em Sergipe, cortando mais de 1.400 postos de trabalho, pela dificuldade em disputar o mercado com os produtos oriundos da China.
O Brasil é o terceiro maior polo produtor de calçados do mundo. De acordo com dados de 2014 do relatório Brasil Calçados 2015, de autoria do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI) e apoiado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), o país tem 7,9 mil unidades produtivas, fabricando aproximadamente 877 milhões de pares e totalizando o valor da produção em R$ 27,8 bilhões. Tendo em vista o momento turbulento em que a indústria, no geral, se encontra, os números deste segmento são interessantes. Por enquanto.
Real valorizado
Um dos períodos mais emblemáticos da indústria de calçados se deu no fim da década passada, quando o Real estava valorizado – prejudicando as exportações, um dos grandes nichos do segmento calçadista – e a China colocava à prova seu plano de expansão comercial e econômica em prática. No auge desse movimento, nos anos de 2008 e 2009, a indústria calçadista perdeu mais de cem mil postos de trabalho por causa da importação dos produtos chineses, de custo de produção baixíssimo e qualidade duvidosa. A reversão desse quadro só aconteceu em 2010, graças ao envolvimento de toda cadeia produtiva nacional.
Em setembro de 2009, foi decretada, em caráter emergencial e com validade de seis meses, o direito antidumping, que consiste numa proteção à indústria nacional. A sobretaxa por cada par importado do país asiático seria de US$ 12,47. Seis meses depois, o governo Federal, através da CAMEX – órgão oficial formado pelos ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da Fazenda, do Planejamento, das Relações Exteriores, da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário e pela Casa Civil – decidiu adotar por mais cinco anos essa medida e aumentou o valor para US$ 13,85. Em pouco mais de seis meses, mais de 40 mil postos de trabalho foram recuperados.
Logo, o direito antidumping vence e as empresas – e milhares de empregos – correm risco novamente. Com o momento desfavorável da indústria nacional, com mais esse golpe seria complicado absorver esses 500 mil trabalhadores que, direta ou indiretamente, trabalham no setor. A CAMEX tem até o dia 05 de março para definir um novo prazo do direito antidumping, ou então, o próximo passo da indústria calçadista brasileira é muito mais que duvidoso. É quase uma certeza do encolhimento.
O que é o dumping?
Considera-se que há prática do dumping quando uma empresa exporta um produto com preço inferior aquele conferido no mercado. O direito antidumping tem como objetivo evitar que as empresas nacionais sejam prejudicadas por importações realizadas a preços de dumping, considerado desleal nos termos do comércio em acordos internacionais.
Fonte: Ascom/Fies