Por Ruth Gomes de Oliveira *
O “Centro de Arte e Cultura J. Inácio” foi inaugurado em 2004, na última gestão do governo João Alves Filho e funcionou na Avenida Santos Dumont, na Orla de Aracaju.
Durante muitos anos foi palco de eventos pontuais e feiras de cultura e arte onde artesãos diversos puderam expor/comercializar seus trabalhos, além de servir como espaço para eventos enaltecendo a cultura sergipana e divulgando diversos trabalhos de artistas locais.
Em 2021 o Centro de Arte e Cultura J. Inácio passou do Governo do Estado para a responsabilidade da Prefeitura Municipal de Aracaju e foi festivamente, reinaugurado. Nesse período iniciou-se degradação total do espaço, desagradando artistas e artesões que o frequentavam.
Os artesãos insatisfeitos chegaram a acampar na entrada do Centro protestando contra o mau funcionamento e degradação do local. Descaso com a historia cultural de um povo, nossa gente.
Edvaldo Nogueira era então prefeito de Aracaju e apesar de se nomear amigo das artes e cultura deu as costas para o importante Centro. Edvaldo sempre se lembrava com carinho dos momentos difíceis que viveu quando era comunista e que J. Inácio sempre o ajudou e foi solidário em suas necessidades, mas, por ironia, logo ele que reconhecia a ajuda de J. Inácio nos tempos antigos de sua história deu as costas para a história do artista, deixando abandonado o polo artístico que levava seu nome.
Esta semana, com a ideia de marcar no Centro de Arte J. Inácio um evento em homenagem e lembrando o patrono do espaço de artes, fui surpreendida com a notícia de que o local foi ocupado com um Centro de Informática, uma parceria da Inovase com a Prefeitura Municipal de Aracaju, ainda na gestão do Edvaldo Nogueira.
Como aceitar que se desfaça um tradicional espaço de arte e cultura, instalado em um local adequado à recepção de sergipanos e turistas, para dar lugar a um Centro de Informática? Não haverá outro local para instalar esse trabalho de iniciativa particular?
Ao saber desse fato fui até o Centro de Artes onde, surpresa com o espaço ocupado inadequadamente, me apresentei à recepcionista solicitando acesso ao diretor do local para apresentar o projeto “Uma retrospectiva da arte de J. Inácio”, até então patrono do local.
A recepcionista me informou que o diretor estava em reunião e que o local não é mais o Centro de Cultura e Arte J. Inácio e que até a placa com o seu nome seria jogada fora. A placa que foi colocada na gestão de Guga Viana. É triste e revoltante saber que o ex-prefeito Edvaldo Nogueira, sem o apoio ou conhecimento da comunidade artística do Estado, fechou um Centro de artes que beneficiava inúmeros artistas e artesãos para ceder o espaço a iniciativa privada atuar em área diversas do que o espaço se propunha.
Certa de que essa atitude devia ser do conhecimento de todos os sergipanos, exponho aqui esse absurdo. Em honra do meu pai J. Inácio ((11/06/1911-01/08/2007)
* É filha do de J. Inácio.
8 Comments
O grande mestre J.Inácio é uma das maiores referências das artes plásticas em Sergipe.
Representava com muita propriedade,as paisagens sergipanas,interiores de residências,monumentos históricos,diversos tipos de natureza em Sergipe e retratos.
Considero um dos maiores gênios da pintura em Sergipe,com traços e contornos específicos.
É um absurdo que Edvaldo Nogueira tenha fechado pra artesãos e artistas o acesso a um espaço onde havia cursos , exposições e feiras destinados a essa clientela. Um lugar bem frequentado por turistas. Não seria interessante verificar como foi essa negociação e entrega de um espaço público para a iniciativa privada?
J Inácio é uma referemcia para a cultura sergipana. A sua ideologia nunca interviu em sua expressão artistica. Um povo sem memória não tem identidade. A. Europa mantém seu turismo baseado na sua história. Como queremos atrair turistas se solapamos nodsa história. O nordeste todo tem sol e mar o que nos diferencia são as expressões artisticas e culturais. Vamos valorizar grandes mezyres em suas mais diversas exptessões. Aglaé Fontes, Luiz Antonio Barreto, Pinto, Antonio Januário, J.Silveira, Carnera , Auhusto do Mamulengo do Cheiroso e uma infinidade mais.
Transformar um centro de arte com o nome se J. Inácio em qualquer outra coisa que não o represente, é um crime.
Triste, mesmo,, Esse ex prefeito, anda bem, como zabumbeiro é um péssimdo gestor,,,
Sou artista plástico de Juiz de Fora/MG. Acho legítimo fazer a defesa da arte em geral. Arte/cultura quase sempre relegada ao segundo plano, o que denota o desconhecimento de quão importantes são para a identidade de um povo e/ou região.
Só não entendi a relação entre o texto/protesto com a ideologia comunista!
Até porque, Arte e cultura sempre foram bandeiras da esquerda socialista.
Ficou parecendo que foi “plantada” no corpo da matéria para marcar uma preferência ideológica.
Sinceramente fiquei em dúvida quanto ao objetivo da matéria. Sendo a autora filha do artista que empresta o nome ao centro cultural, a responsabilidade torna-se ainda maior.
Gostaria muito de fisse só uma falha de interpretação.
Aproveito para penhoras minha solidariedade ao povo sergipano e em especial aos aracajuanses, que tem uma ótima oportunidade de levar essas demandas à nova Prefeita recém eleita.
Arte e cultura são a garantia da identidade de um povo.
Não é gasto!
É investimento.
Agradeço a todas pelo apoio esperamos reverter essa atitude vergonhosa pelos artesãos, artistas e ao povo sergipano.
Tem meu apoio, mas o plural de artesão é “artesãos”.