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Marcos Cardoso lança o livro “Impressões da ditadura” na UFS

No último dia da gestão do reitor Valter Joviniano, Marcos Cardoso se despede da UFS depois de 32 anos como servidor

O jornalista Marcos Cardoso lança nesta segunda-feira, 17, às 10 horas, o livro “Impressões da ditadura”, uma coletânea de textos que fazem referência ao regime militar que governou o Brasil com mãos de ferro de 1964 a 1985. O livro que leva o selo da Editora UFS e tem apresentação do professor Josué Modesto dos Passos Subrinho será lançado na Sala dos Conselhos da Universidade Federal de Sergipe.

Será um lançamento coletivo e outras três obras integram esse que é um dos eventos que marcam o último dia da gestão do reitor Valter Joviniano de Santana Filho. As outras obras que serão lançadas são: “Faria em Cartaz: História de um Ilustrador Sergipano”, da professora Germana Gonçalves de Araújo; “Mundo Submarino de A a Z”, dos professores Kátia de Meirelles Felizola Freire e Matheus Marcos Rotundo; e “Mnemosine Laranjeiras: Glossário Ilustrado de 1908”, da professora Renata Ferreira Costa e da mestra Loíze Raquel Santos Silva Vilas Bôas.

O livro

O livro “Impressões da ditadura” é uma reunião de 39 textos jornalísticos (artigos e/ou crônicas políticas) publicados nos últimos anos em veículos da imprensa sergipana, especificamente nos portais Infonet e Destaque Notícias e no Jornal da Cidade. Como o título sugere, são textos que fazem referência ao período da ditadura militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985, revisitando causas e, principalmente, consequências.

“Não são ordenados cronologicamente de acordo com as datas das publicações, mas tentam traçar uma linha cronológica de acontecimentos que remetem àquela época, analisando publicações, fatos e a atuação de personagens, não apenas de Sergipe. Como numa colcha de retalhos, os textos não foram escritos e publicados para virarem posteriormente uma peça única”, explica Marcos Cardoso.

Segundo o autor, há no livro “Impressões da ditadura” informações publicadas na imprensa em primeira mão, como quais foram e como sucumbiram os primeiros sergipanos mortos pela ditadura militar.

O primeiro natural de Sergipe assassinado pelo regime foi o sargento do Exército Manoel Alves de Oliveira, 30 anos incompletos, natural de Aquidabã, torturado no Regimento Andrade Neves – Escola de Cavalaria, localizado na Vila Militar do Rio de Janeiro. Também assassinado, o sergipano de Laranjeiras Lucindo Costa, servidor público em Santa Catarina, onde militava no PCB, desapareceu após fazer uma viagem a Curitiba em julho de 1967. Assim como é considerada assassinada pelo Estado brasileiro a aracajuana Therezinha Viana de Assis, economista, militante da Ação Popular, presa e torturada por agentes da repressão entre 1968 e 1972.

Os homicídios iniciais associados à ditadura militar são dos estudantes Ivan Rocha Aguiar e Jonas José Albuquerque Barros, mortos no Recife no dia 1º de abril de 1964, quando protestavam contra a deposição do governador pernambucano Miguel Arraes. Há referência ao histórico comício da Central do Brasil, no dia 13 de março de 1964, quando o presidente João Goulart defendeu as reformas de base, o que certamente foi o gatilho que finalmente detonou o golpe. E a descrição do incrédulo jornalista Joel Silveira sobre a primeira madrugada pós-golpe pelas ruas do Rio de Janeiro.

O terrorismo de estado autorizado pelo AI-5 é citado, assim como o são as mortes mal explicadas de três notórios adversários dos golpistas, os ex-presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek e o jornalista Carlos Lacerda. As prisões, torturas e desaparecimentos do ex-deputado Rubens Paiva e do estudante Stuart Angel, fatos emblemáticos e jamais esquecidos, assim como a traumatizante Operação Cajueiro e o recrudescimento da caça aos comunistas. Dos personagens locais que mais ousaram na luta contra o arbítrio destaca-se Agonalto Pacheco, guerrilheiro sergipano que se livrou da masmorra em troca da liberdade do embaixador americano e um dos 15 passageiros, ao lado de Gregório Bezerra, José Dirceu e Vladimir Palmeira, do Hércules 56 que partiu, todos em pânico, com destino ao México.

Cita-se a relação dos governantes sergipanos com o regime, a árdua campanha do MDB, partido que abrigou os adversários da ditadura, mesmo que de pensamentos ideologicamente diversos, as eleições possíveis e a resistência de professores e estudantes da UFS, instituição que nunca se dobrou ao arbítrio. O movimento pela Anistia e a posterior indenização aos anistiados, os bastidores do movimento pelas Diretas Já em Sergipe, a redemocratização e a Constituição Cidadã, a chegada dos “socialistas” Jackson Barreto e Marcelo Déda ao poder.

O lançamento também marca a despedida de Marcos Cardoso da Universidade Federal de Sergipe. Jornalista com especialização em Ciências Sociais e experiência de 40 anos na imprensa, ele é servidor da instituição há 32 anos, respondendo há sete anos pela coordenação da Rádio UFS e da TV UFS. É autor de “Sempre aos domingos – Antologia de textos jornalísticos”, publicado pela Editora UFS em 2006, e do romance “O Anofelino Solerte”, publicado pela Edise em 2018, dentre outros livros.

Fotos dos reitores

Às 15 horas, acontecerá na mesma Sala dos Conselhos a solenidade de aposição das fotos de Angelo Roberto Antoniolli (2013-2020) e Valter Joviniano de Santa Filho (2021-2025) na galeria dos ex-reitores da UFS. Também será lançado o Relatório de Gestão do reitor que encerra agora o seu mandato.

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