O escritor francês Victor Hugo afirmou que “a tristeza é apenas o prelúdio da alegria”. As histórias dos cabos Byron, da Companhia de Policiamento Turístico (CPTur), e Adriano, do Batalhão de Polícia de Radiopatrulha (BPRp), idealizadores de dois projetos sociais de grande importância para a vida de centenas de crianças, jovens e adultos, confirmam que o poeta estava certo.
Em março de 2010, o cabo Byron Virgílio dos Santos Silva foi surpreendido pela trágica notícia da morte de seu primo, praticante de bodyboarding, assassinado durante um roubo, nas proximidades do Condomínio Estrela do Mar, na capital. O que era para ser apenas tristeza transformou-se num lindo trabalho de inclusão social, que vem mudando a vida de pessoas com deficiência.
Assim surgiu o ‘Projeto Estrelas do Mar’, que em 26 de junho de 2011 deu os primeiros passos, após o cabo Byron, a sua esposa, a capitã Anne Bastos, e cinco amigos procurarem a APAE, para oferecer aulas de bodyboarding a oito crianças com síndrome de down. Quase cinco anos depois, a semente, despretensiosamente lançada, frutificou e hoje atende 105 pessoas, entre dois e 43 anos, sempre a partir das 9h do sábado, no Bar Solarium, na Rodovia José Sarney, em Aracaju.
Apoio de voluntários
O crescimento da iniciativa não se deu apenas no número de assistidos, mas também no de voluntários, que já passam de 40. Dentre estes, alunos e profissionais de diversas áreas da saúde, além de tantos outros que, apesar de não terem formação no setor, auxiliam com algo muito importante para a melhora dos pacientes com paralisia cerebral, autismo e síndrome de down: o amor.
Segundo o cabo Byron, a iniciativa promove socialização, atendimento psicológico e atividades físicas voltadas às necessidades do assistido. Dentro destas últimas ações, são usadas pranchas adaptadas, para duas pessoas surfarem, e cadeiras anfíbias, que possibilitam o acesso dos tetraplégicos ao mar. Aos assistidos, o Projeto também oferece protetor solar, lanches e roupas específicas para as atividades.
Apesar de não ter patrocinador, o ‘Estrelas do Mar’ conta com a parceria do Governo do Estado, que disponibiliza ônibus para o transporte das pessoas que residem na Grande Aracaju e no interior. Como existe a dificuldade de encontrar patrocinador fixo, o cabo e os voluntários promovem anualmente uma feijoada para captar recursos e manter a estrutura necessária para oferecer o melhor.
Para o futuro, como não poderia ser diferente, o militar sonha alto: “A gente espera que o Projeto cresça e tenha condições de manter e melhorar a qualidade do trabalho já desenvolvido, bem como ampliar o atendimento para mais pessoas, e, quem sabe, se tornar um centro de reabilitação para aqueles que hoje carecem da iniciativa pública para desenvolver os aspectos referentes às suas deficiências”, diz.
Fumaça zero
Também motivado por uma situação crítica, o cabo Adriano, que atua no BPRp há 10 anos, já cansado de presenciar durante o serviço crianças com cachimbos de crack, sentiu a necessidade de fazer algo para impedir que tantos outros pequenos entrassem no mundo sombrio das drogas. Em meio a este desafio, o militar criou o Projeto ‘Fumaça Zero, Drogas Jamais’.
A ação social completa três anos em 22 de setembro e funciona na Associação dos Moradores do Santa Tereza, situada na Praça das Mães, no bairro Aeroporto, ocupando o tempo ocioso de 300 pessoas da localidade com esportes e atividades educativas e lúdicas. Para oferecer tais serviços, o policial conta com o apoio do comércio local e de 30 voluntários, entre civis e militares.
O ‘Fumaça Zero’, que nasceu voltado para as crianças, hoje também atende jovens, adultos e idosos, com aulas de futsal, futebol de campo, handebol, voleibol, vôlei de areia, futevôlei, tênis, pingue-pongue, judô, capoeira, karatê, jiu-jitsu, boxe, inglês e espanhol, desenho, ginástica funcional, dança, ginástica aeróbica, bateria, flauta, flauta transversal, teclado e violão.
O radiopatrulheiro, que é casado e tem um filho, se desdobra entre o trabalho nas ruas, a atenção à família e o Projeto, mostrando que, quando queremos dar o melhor pelos outros, o tempo é um aliado. Por isso, ao interessado em participar como assistido ou voluntário o cabo Adriano, conhecido na comunidade do Santa Tereza como Didi, pede apenas compromisso, já que não há limite de idade.
O PM, que vem protegendo o futuro de centenas de crianças e adolescentes da zona Sul da capital, diz sentir-se feliz por estar contribuindo com a mudança de uma comunidade, mas ainda quer mais. Assim, seguindo como aqueles que entendem que ‘o céu é o limite’, o cabo Adriano sonha em ampliar o ‘Projeto Fumaça Zero’, levando-o para outros bairros de Aracaju.
Reconhecimento público
Atestando a importância social do Projeto idealizado pelo cabo Byron, o militar foi escolhido para conduzir a Tocha Olímpica Rio 2016 durante a passagem pelo Estado de Sergipe, que ocorrerá entre os dias 28 e 29 de maio e alcançará seis municípios. A ação, voltada para pessoas que têm uma história relevante e que mudaram a própria vida ou influenciaram positivamente a sua comunidade, durará cerca de 90 dias e atingirá 300 cidades em todas as regiões do Brasil.
Ajudar faz bem
De acordo com estudos desenvolvidos pelo neurocientista brasileiro Jorge Moll, nos Estados Unidos, quando pensamos em fazer o bem ativamos o sistema de recompensa do cérebro, que automaticamente libera dopamina, substância química que produz a sensação de bem-estar.
Aos que desejam auxiliar o próximo, mas não sabem por onde começar, a internet mostra caminhos a seguir. Assim, a temática pode ser aprofundada por meio de visitas aos sites: Faça Parte (www.facaparte.org.br), Portal do Voluntário (www.portaldovoluntario.org.br) e Seja um Voluntário (www.voluntarios.com.br).