Em Pacatuba (distante cerca de 110 Km de Aracaju), uma mudança importante no desenvolvimento de uma das principais culturas regionais começa a transformar as vidas de famílias de agricultores familiares. Os agricultores do assentamento Padre Nestor, implantado pelo Incra naquele município, e que têm na extração do coco sua maior fonte de recursos, estão descobrindo na produção de óleos da fruta uma alternativa consistente para ampliar a renda familiar. “A gente, aos poucos, foi percebendo que com a venda do óleo era possível garantir um valor maior, melhorar a nossa renda”, conta o agricultor Petrônio da Silva.
Com a constatação em relação aos valores obtidos com o óleo e a demanda crescente pelo produto no próprio município, os agricultores se organizaram, buscaram o apoio da equipe do Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (Ates) do Incra e decidiram investir em capacitação para melhorar a produção local. “Nós tivemos o apoio do pessoal da assistência técnica e procuramos uma professora que já trabalhava no Territórios da Cidadania, para tentar uma capacitação que nos ajudasse a melhorar o nosso produto”, explica Silva.
Capacitação
Membro do Núcleo de Estudos Agroecológicos (NEA) e docente do curso de Tecnologia em Agroecologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS), a professora Irinéia Rosa do Nascimento surgiu como peça-chave para a concretização dos planos dos agricultores.
Depois da elaboração de um diagnóstico sócio-produtivo do assentamento, que confirmou o interesse dos agricultores pela produção do óleo de coco, a professora coordenou uma oficina destinada ao aperfeiçoamento do produto. “Nós passamos ao grupo noções de higiene e boas práticas na fabricação do óleo, visando adequar o produto às normas e garantir a sua qualidade para comercialização e consumo”, explica Irinéia.
Além dos novos conhecimentos para o manuseio da fruta, a oficina também apresentou aos agricultores uma nova alternativa para a produção artesanal do assentamento. “Eles já trabalhavam com o óleo virgem e nós apresentamos técnicas para a produção do óleo extra-virgem, como uma nova possibilidade para o desenvolvimento do grupo”, conta a professora.
Valorizado no mercado, o óleo extra-virgem pode render aos agricultores um acréscimo considerável na renda familiar. “O coco está em baixa aqui na região. A gente hoje é obrigado a vendê-lo por R$ 0,30. Já o óleo, que é feito com oito cocos, pode ser vendido a R$ 20 meio litro. É uma diferença que vai ajudar demais na renda da gente”, analisa Silva.
Planos para o futuro
Para assegurar o desenvolvimento da produção de óleos no assentamento, os agricultores seguirão contando com o acompanhamento da equipe do IFS. “Vamos fazer todo o acompanhamento, com análises químicas, para garantir a manutenção da qualidade do óleo”, afirma Irinéia.
Com base no interesse apresentado pelo grupo de agricultores, a professora acredita no desenvolvimento do trabalho. “A recepção dos agricultores não poderia ter sido melhor. Em todas as reuniões que fizemos, contamos com participação maciça. Nós procuramos estimular esse trabalho e esse interesse vai ajudar muito nos próximos passos”, analisa a professora.
Para expandir e melhorar a produção, os agricultores já fazem planos. “Vamos transformar nossa associação em cooperativa e buscar recursos para a compra de equipamentos e a melhoria da produção. Vamos elaborar projetos para o governo do estado e também tentar a aprovação no Terra Sol, do Incra, para, quem sabe, transformar esse trabalho em uma agroindústria”, vislumbra Silva.
O assentamento Padre Nestor abriga a 16 famílias de agricultores assentados e a sua produção de coco se espalha por 300 das cerca de mil tarefas do projeto.
Texto: Ascom/Incra (Crédito/abril.com.br)