A corrida para se matricular numa academia de ginástica pode esbarrar no perigo da clandestinidade dos locais. A advertência é do professor Gilson Doria, presidente do Conselho Regional de Educação Física (CREF). Ele prevê que existam funcionando clandestinamente na Grande Aracaju algo em torno de 60 academias. “Nossa maior dificuldade é que algumas delas mudam de endereço logo após recebem a visita da fiscalização”, explica Gilson.
Quem deseja melhorar a forma física tem à disposição cerca de 310 academias legalizadas na Grande Aracaju. 245 delas estão cadastradas e outras 175 se encontram devidamente registradas no CREF. Para ter certeza que o local escolhido é legal a pessoa deve solicitar o alvará de funcionamento, registro no Conselho Federal de Educação Física e procurar saber se o professor é registrado no Conselho Regional. Hoje, eles são cerca de 6 mil em todo o Estado. “Não será por falta de academias legalizadas e profissionais que a pessoa deixará de praticar ginástica”, afirma Gilson Dória.
O presidente do EREF adverte que quem pratica exercícios físicos em academias clandestinas fica exposto às lesões musculares e até falhas graves de conduta, como assédio sexual por parte de treinadores. Além disso, sem o certificado da academia, não há garantia de que os equipamentos de musculação tenham passado por manutenção adequada ou de que existam cuidados sanitários no recinto. “Os maiores riscos são as lesões nas articulações do joelho ou nos tendões, dores na coluna, nos ombros, no pescoço, distensão muscular, desmaios e até paradas respiratórias, podendo levar a óbito”, alerta professor Gilson Dória.
De acordo com ele, 35% das academias clandestinas situadas na Grande Aracaju não possuem professores de educação física. Gilson também condena os estabelecimentos que utilização de um número acentuado de acadêmicos como mão de obra barata, além de oferecem instalações e equipamentos em condições inadequados. “Tudo isso pode acarretar problemas de saúde para os clientes desavisados”, afirma.
Mais riscos
Um dos pioneiros em Aracaju em academias de ginástica, o professor Paulo Bedeu concorda com Gilson Dória sobre os riscos que corre quem se exercita em locais clandestinos. “É muito perigoso cuidar do corpo com quem não é profissional, pois os problemas causados à saúde podem ser irreversíveis”, alerta Bedeu.
Questionado se os aracajuanos frequentam muito as academias de ginástica, Paulo Bedeu diz que não. “Muita gente ainda prefere se exercitar por conta própria, mas as academias já foram bem menos procuradas”, afirma. Ele discorda dos que acham a matrícula cara: “Primeiro deve-se pensar na própria saúde, pois a melhoria da qualidade de vida não tem preço”, admite. Hoje as academias cobram entre R$ 100 e R$ 200 mensais, a depender do nível de cada estabelecimento.
Além das academias clandestinas, as pessoas desavisadas estão sujeitas a outra prática não menos perigosa: o uso de anabolizantes. Algumas academias de ginástica acabam como palco do tráfico deste e de outros produtos tóxicos que prometem mais massa muscular. De acordo com dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), o anabolizante foi a droga que mais ganhou espaço entre os jovens. Saiu de 0,1% de índice de uso em 2003 para 0,5% no último levantamento, em 2007, uma população que soma cerca de 200 mil pessoas.
Por Adiberto de Souza (crédito/arenasaude.com.br)