Calejado de ouvir histórias do arco da velha, um policial civil ficou surpreso com a conversa contada a ele na 3ª Delegacia Metropolitana de Aracaju por três bandidos de alta periculosidade. O trio, em carne e osso, bateu na porta da Polícia pra pedir socorro, implorar pelo amor de Deus por um arrego. Queixavam-se de estarem sendo perseguidos por uma multidão virtual, desde que se autodenunciaram como facínoras pelo twitter.
Ilustrada com as “caretas” dos três mal encarados, a mensagem alertava o povo para ter cuidado: “Hoje na tarde desta segunda-feira, foi registrado na 3ª Delegacia Metropolitana da capital a ação de 3 indivíduos, de acordo com o B.O. da vítima eles se localizam na zona norte da capital, bairro Cidade Nova esses bandidos são de alta periculosidade e aplicam furtos em suas vítimas com mão armada. Repassem e qualquer informação disque 181 SSP/SE”.
O mundo desabou
A ideia, nada brilhante, era assustar os amigos, mas o feitiço virou contra os feiticeiros: de repente, a mensagem do twitter já tinha sido visualizada por mais de 10 mil pessoas, todas assustadas, naturalmente. O trio também passou a receber ameaças, os amigos congestionaram seus celulares querendo saber do que se tratava, a vizinhança passou a olhá-los com desconfiança e quem os via pelas ruas esquivava-se. Antes de decidirem pedir socorro à Polícia, os suplicantes quase foram linchados, depois que uma mocinha bambeou nas pernas ao identificá-los como os “bandidos de alta periculosidade do twitter”. Que tragédia!
Rapazes de boa índole, estudantes, sem qualquer passagem pela Polícia e arrependidos da pegadinha sem graça, os “3 indivíduos” elegeram a Polícia como a tábua de salvação. Após contarem a cabulosa história, os jovens imploraram por um Boletim de Ocorrência esclarecendo o mal entendido e atestando que eles são cidadãos de bem, acima de qualquer suspeita. Antes de irem embora, os “bandidos de alta periculosidade” prometeram retornar à Delegacia caso alguém, achando-os parecidos com marginais de verdade, os denunciasse como sendo aqueles meliantes que “aplicam furtos em suas vítimas com mão armada”. Ué, o nome desta modalidade de crime não seria assalto? Homem, vôte!
Por: Adiberto de Souza e Douglas Magalhães