Quem foi à posse da nova diretoria do Tribunal de Contas de Sergipe assistiu o ex-governador Jackson Barreto (MDB) chegar triunfalmente à solenidade. Há 31 anos, o mesmo TCE, que o recebe agora com distinção, moveu mais de 100 processos contra JB, sugerindo sua cassação e condenando a devolver uma fortuna em dinheiro. A enxurrada de acusações contra a administração do emedebista levou o então governador Antônio Carlos Valadares (PSB) a decretar intervenção na Prefeitura de Aracaju, obrigando JB a renunciar o mandato conquistado em 1985, com 71,8% dos votos válidos. Um recorde!
Na época da fúria do Tribunal de Contas contra o ex-prefeito, era voz corrente em Sergipe que Jackson estava morto e sepultado politicamente. Não foi isso que se viu: em 1988, JB se elegeu pelo PSB para a Câmara de Vereadores de Aracaju, com votos suficientes para puxar quase uma dezena de candidatos, entre eles o atual prefeito da capital, Edvado Nogueira (PCdoB). Em 1992, disputou e venceu a Prefeitura de Aracaju, ficando no cargo até 1994, quando renunciou para disputar sem sucesso o governo de Sergipe.
Altos e baixos
Após o segundo mandato de prefeito, Jackson passou 10 anos sem mandato depois de ter perdido a disputa para o governo e o Senado. Em 2002, se elegeu deputado federal, reelegendo-se em 2006. Na eleição de 2010, é eleito vice-governador, assumindo o governo em 2013 por conta da morte do titular Marcelo Déda (PT). Em 2018, se reelegeu para um mandato que terminou no ano passado, quando tentou sem sucesso se eleger senador da República.
Trinta e um anos depois de ter sido processado e achincalhado pelo TCE, Jackson Barreto voltou a colocar os pés naquela Corte de Contas, levando na algibeira um passado político de fazer inveja a qualquer um. Antes, ele já havia estado no Tribunal na condição de autoridade – como governador inclusive – porém sempre vale à pena registrar a volta triunfal de Jackson à Casa que tentou lhe enterrar politicamente. Na solenidade de ontem, um JB Feliz da vida e como se nada tivesse acontecido na distante década de 80, deu um fraterno abraço em Luiz Augusto Ribeiro, empossado presidente do Tribunal, cumprimentou os demais conselheiros, foi aplaudido pelos servidores, paparicado pelas autoridades presentes e convidado com deferência a sentar num lugar reservado para ele na primeira fila do auditório do TCE. São as voltas que o mundo dá!
Foto: TCE