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Antoniolli: “O reitor não tem cartão corporativo”

“Por total desconhecimento de causa, as pessoas falam qualquer coisa. O reitor não tem cartão corporativo. O que existe é o cartão corporativo para a atividade-fim, lá na ponta, o chefe do departamento poder comprar coisas pequenas e prestar contas direitinho de cada centavo. É tipo um suprimento de fundo”. A informação do reitor da Universidade Federal de Sergipe, Angelo Antoniolli, desmente a acusação feita no calor da campanha por uma pré-candidata à Reitoria. O processo eleitoral está sendo deflagrado e, segundo orienta uma Media Provisória da Presidência da República, a consulta formal deve ocorrer até o início do segundo semestre do ano.

O reitor foi entrevistado hoje cedo na Rádio NovaBrasil pelos jornalistas André Barros e Daniele Ferreira, quando abordou diversos assuntos sobre a sua gestão, que se encerra neste ano, além de ter explicado o processo de escolha do seu sucessor.

Ainda sobre a falsa denúncia, André Barros perguntou se é verdadeira a informação de que o reitor dispõe de mais de 60 assessores. “Claro que não é verdade. Quem faz gestão na universidade são os professores e os técnicos administrativos, que são da própria universidade e para isso ganham uma gratificação pequena agregada ao salário. O reitor tem sete ou oito assessores para desenvolverem atividades pertinentes à universidade”, respondeu.

“Alguém precisa cuidar da graduação, da pós-graduação, do planejamento, da gestão administrativo-financeira. Estamos falando de uma instituição de 30 mil alunos de graduação, quase 3 mil alunos fazendo mestrado e doutorado. Uma instituição que tem 1.500 professores, dos quais 1.200 são doutores. Estamos falando de seis campi, de uma EAD (Educação à Distância) que ocupa mais 10 municípios sergipanos. Não tem jeito de cuidar de tudo isso sozinho, ninguém faz mágica”, explicou Angelo Antoniolli.

O reitor afirmou que a UFS é transparente e todo o dinheiro que chega é auditado. “Nós temos auditoria interna, nós tempos Controladoria Geral da União, nós temos Tribunal de Contas da União e temos o Ministério Público Federal olhando cada centavo que entra”. Veja os momentos principais da entrevista:

Crescimento da UFS

A UFS cresceu muito nesses últimos sete anos, o campus de São Cristóvão cresceu 76% em espaço físico, avançamos no sertão, avançamos em Lagarto, criamos um Hospital Universitário em Lagarto, onde contratamos mais 850 novos servidores da Ebserh.

O campus de Glória tem cinco anos e vamos formar a primeira turma agora. É pujante, está funcionando muito bem, estamos orgulhosos dos professores, dos técnicos e dos alunos de Glória, porque estão respondendo a contento o desejo de um projeto inovador. São dois campi inovadores, centros multidesenvolvidos.

O crescimento é num momento difícil, com muito diálogo, com muita articulação. Esse é o grande segredo para se fazer uma universidade melhor, forte e pujante como é a Universidade Federal de Sergipe.

Déficit de servidores

O MEC reconhece um déficit de 1.200 servidores técnicos administrativos para a Universidade Federal de Sergipe. Existem as vagas e não tem como repor. Há uma cobrança constante sobre o MEC para que o ministério possa responder essas questões que para nós são muito importantes, pela necessidade de manter a eficiência na gestão.

Estamos otimizando, centralizando as ações para poder responder as nossas necessidades a contento. Segundo, através de terceirizados, para suprir minimamente as necessidades e fazer a universidade funcionar adequadamente. O ideal seria ter os servidores, para que possamos mantê-los no quadro, capacitá-los e construir com eles uma política de desenvolvimento institucional.

Orçamento limitado

Nosso orçamento global é de R$ 715 milhões/ano. Quase 50% para pagamento de ativos. Sendo que ativos e aposentados são incorporados no mesmo orçamento, o que faz parecer um orçamento enorme, mas não é. O custeio consome 15% desse valor, com financiamento dos estudantes, pagamento de terceirizados, energia elétrica, água, componentes necessários ao funcionamento da máquina administrativa. E 5% são para investimentos, quase sempre contingenciados.

Na Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), que reúne 63 universidades, buscamos o diálogo com o MEC constantemente, para que a política traçada não venha estanque, universidade por universidade, mas que seja uma política coletiva, como uma ideia de balcão de negociação.

Qualidade na educação

Crescemos os nossos indicadores de graduação ano a ano, um crescimento progressivo. Implementamos agora as cotas regionais em Lagarto e o resultado já foi obtido. Ontem, posso falar em primeira mão, obtivemos o seguinte resultado: mais de 90% dos nossos alunos que fizeram matrícula são sergipanos. Significa que Lagarto começa a responder fortemente ao clamor do povo sergipano como espaço de desenvolvimento.

Nós avançamos na pós-graduação, temos 49 programas de mestrado, 19 programas de doutorado e isso faz da UFS uma universidade complexa, capaz de responder a contento as maiores exigências da sociedade. Estamos trabalhando há dois anos num projeto de qualificar mais o nosso ensino, a nossa pesquisa e a nossa extensão, Fizemos um bom diagnóstico sobre os problemas e estamos já usando estratégias para minimizar os problemas, por exemplo, na área de cálculo das engenharias. São boas escolas, garantem boa formação, mas estamos procurando qualificar melhor os nossos alunos para que eles possam acompanhar melhor as atividades acadêmicas e isso tem ajudado a melhorar os nossos indicadores da graduação.

Temos cursos nota 5, muitos nota 4, nossos indicadores são excelentes, a nossa média é nota 4. Essa é a única universidade pública do nosso Estado, é um patrimônio do povo sergipano, por isso as inverdades doem.

Qualidade na pesquisa

Não somos nós somente que falamos, por exemplo, na qualidade da nossa pesquisa. Estamos falando de indicadores internacionais. A Web of Science, através de um contrato com a Capes, afirma que a nossa universidade tem os melhores indicadores internacionais em publicações na área da saúde.

A nossa universidade melhorou muito a pesquisa e vem melhorando gradativamente toda a qualidade da graduação. Um exemplo: todas as nossas salas de aula hoje têm ar-condicionado, dando condições adequadas para o aluno aprender e o professor ensinar. Isso é fazer gestão. Evidentemente que se a gestão tivesse condicionada aos recursos MEC somente você sabe que não teríamos respondido os desafios a contento.

Economia de energia

Temos o maior parque fotovoltaico de Sergipe, entre público e privado. Temos uma estação 69kW, que transforma a energia de alta tensão em baixa tensão, reduzindo em 30% o custo do consumo de energia. Energia é um ponto onde eu posso reduzir custos para investir nas atividades essenciais da universidade. Reduzimos de mais de R$ 13 milhões por ano para R$ 11 milhões. E vamos reduzir mais, porque estamos investindo mais de R$ 2 milhões em novas placas fotovoltaicas até o meio deste ano. O governo lançou um edital e nós, que já tínhamos a expertise, conseguimos apresentar um bom projeto e ser contemplados.

Temos o melhor sistema de tratamento de esgoto. Temos uma universidade que procura ser modelo referenciado na área da saúde e em todas as áreas.

Apoio da bancada

Eu não posso deixar nunca de citar que a expansão do Hospital Universitário tem o apoio das emendas do ex-senador Eduardo Amorim, importante para fazer o anexo, e do apoio do ex-deputado federal André Moura para fazer a Unidade Materno-Infantil, conseguida depois de 56 anos que temos o curso de Medicina. O Laboratório de Oftalmologia, construído com emenda do deputado federal João Daniel, onde atendemos pelo SUS com serviço de qualidade. Em Simão Dias, estamos concluindo o Centro de Reabilitação, financiado basicamente com emendas do ex-senador Antonio Carlos Valadares e do ex-deputado Valadares Filho. O Campus do Sertão é 100% financiado pelas emendas da bancada federal. Sou muito grato, não tenho dúvida que a universidade é muito grata aos nossos deputados e senadores, responsáveis por esses investimentos. E eles estão, acima de tudo, ajudando à sociedade sergipana. Quando a gente faz um Campus no Sertão, uma grande fazenda experimental, onde a capacitação dos recursos humanos se dá pela universidade, com certeza a universidade é grande força motriz daquele lugar.

Habilidade para dialogar

O reitor tem que sair do seu gabinete e articular, dialogar com a sociedade, dialogar com a nossa bancada, dialogar com o governo, dialogar com todos, buscar parceiros, independente de partidos, independente se de direita ou esquerda, porque o reitor tem que ter habilidade de diálogo e disposição. Tem também que ter um grupo muito bom, que conheça de gestão e que saiba onde buscar os recursos.

Eleição de reitor

O processo de escolha do próximo reitor é regulado pela MP-914 (de 24 de dezembro de 2019), baixada pelo presidente Bolsonaro, estamos na vigência dela e temos que obedecer. A Universidade está vivendo outro momento, por isso estamos discutindo ajuste no Estatuto da UFS, para se adequar à nova determinação. Ainda neste mês de março vamos convocar o Colegiado Eleitoral, que será formado pelos três conselhos da Universidade, o Conselho Diretor, o Conselho Superior e o Conselho do Ensino, Pesquisa e Extensão, que se debruçam sobre o tema e decidem como e quando será feito o processo eleitoral. É o caminho legal que a Universidade tem que cumprir e, como reitor, eu tenho que proteger a Universidade de problemas legais, conduzindo de acordo com a Constituição do Brasil os aspectos da sucessão.

Candidato do reitor

Estamos discutindo sobre quem será o nosso candidato, porque ainda é muito cedo. A consulta feita pelas entidades, às quais respeito, como sempre fiz, e pela qual passei em quatro processos, mudou, eram outros governos e outras situações legais. Agora é outro processo de avaliação. Temos que cuidar da Universidade observando como ela vai ser julgada. Nós tínhamos um acordo que garantia ao primeiro da lista tríplice ser nomeado. Hoje não temos mais esse acordo. O governo usa a Constituição e escolhe qualquer um dentre os três nomes. Se cometermos qualquer equívoco, qualquer erro, o governo pode colocar um reitor pro-tempore, que é quem ele quiser. Eu tenho trabalhado intensamente para a Universidade crescer e os dados estão aí, mas imagino que um pro-tempore para conviver nesse mundo é muito difícil. Estou torcendo que o primeiro da lista seja o indicado, porque ele terá muito mais facilidades, mas tenho que aceitar as regras, que são legais.

Dezesseis anos de gestão

Eu não sou candidato, termino neste ano meu ciclo na gestão da Universidade Federal de Sergipe. Sou muito grato pela oportunidade de estar há quase oito anos como reitor e oito anos como vice-reitor e fecho esse ciclo esperando que o próximo reitor venha com a disposição do diálogo, venha com a disposição de fazer a Universidade pujante, crescendo e fazendo inovações, fazendo com que seja pertencida pelo povo sergipano. Estamos fechando um ciclo e espero que os próximos ciclos sejam tão pujantes ou mais do que este.

(Marcos Cardoso)

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