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O professor Afonso Nascimento, membro da Comissão Estadual da Verdade e da Universidade Federal de Sergipe (UFS), lançará nesta terça-feira (10), o livro “Resistência e Adesão ao Regime Militar”. O evento acontecerá, das 17 às 21 horas, no Museu da Gente Sergipana, centro de Aracaju.
Segundo o autor, este livro é, em sua maior parte, um conjunto de artigos sobre o regime militar em Sergipe. Não trata de um aspecto em particular, mas de várias dimensões ao mesmo tempo. Nada foi escrito por acaso, tudo foi intencional, pelo fato de eu fazer parte da Comissão Estadual da Verdade Paulo Barbosa de Sergipe. Durante o período das oitivas da referida comissão, ele teve a chance de entrevistar pessoas de carne e osso que foram atingidas de uma forma ou de outra pela Ditadura Militar.
Depoimentos fortes
“Aqueles depoimentos me afetaram muito e, em um deles, quase que saí da sala ou pedi para que fosse feita uma pausa. Uma coisa é você ler que alguém foi torturado, que sofreu todos os tipos de suplícios. Algo bem diferente é ouvir uma pessoa falar sobre torturas a que foi submetida, ali presente, em sua frente. Houve indivíduos, homens e mulheres, que nunca tinham feito uma exposição pública ou privada das torturas sofridas e que choravam ali diante de você. Eu queria fazer o registro daquilo que ouvia”, diz Afonso Nascimento na introdução de “Resistência e Adesão ao Regime Militar”.
Segundo Luciano Oliveira, doutor em Ciências Sociais pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, Paris, França e Professor da Universidade Federal de Pernambuco “a mais recente coletânea de ensaios do professor Afonso Nascimento – Resistência e Adesão ao Regime Militar – reafirma o qualificativo que lhe cabe e que ele próprio reivindica: o de ser um intelectual público; ou, numa variante que talvez lhe caiba melhor, um intelectual republicano. Com isso ele se distancia seja do ‘intelectual orgânico’, preso à ideologia de uma classe, seja do ‘intelectual tradicional’, preso aos valores plasmados pelo passado – para usar os conhecidos termos de Antonio Gramsci, um autor hoje em dia mais vilipendiado do que lido”.
Conhecia os fatos
Por sua participação nos movimentos estudantil e políticos na década de 1970, quando foi aluno do curso de Direito da UFS e esteve atuando na Ala Jovem do MDB, o autor já conhecia muitos dos fatos que analisa bem antes de sua participação na Comissão da Verdade.
Afonso Nascimento é professor do Departamento de Direito da UFS, instituição em que ensina Teoria do Estado e Sociologia do Direito. Foi professor da PUC/RJ, da UFRJ/RJ, da De Paul University (EUA), entre outras universidades. Trabalhou como professor de pós-graduação das seguintes instituições: Faculdade Metodista Bennett, do NPPCS/UFS e do mestrado em Direito UFS/UFCE. Na administração universitária da UFS, ocupou o cargo de diretor do NPPCS, pró-reitor da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis e Assessor Especial de Relações Internacionais. Tem graduação em Direito pela UFS, mestrado em Direito pela UFSC e DEA (Diplôme d´Études Approfondies em Estudos Políticos) pela Université de Montpellier I, França.
(Texto atualizado às 5h desta terça)
