Profissionais da saúde também têm sofrido mudanças em relação ao padrão emocional e comportamental com a pandemia do coronavírus. Atentos a isso, residentes de Psicologia do Programa de Saúde do Adulto e Idoso do Hospital Universitário da UFS organizaram a cartilha “Suporte em Saúde Mental em tempos de Covid-19 – Guia de cuidados aos profissionais da saúde”.
“O contexto de atuação dos profissionais de saúde é permeado por experiências de perdas, estresse, ansiedade e medo de que podem ou não trazer importantes impactos à vida psicológica desses profissionais. Logo, torna-se imprescindível cuidar da saúde mental desses sujeitos a fim de prevenir ou diminuir sofrimento psíquico e o aparecimento de manifestações psicopatológicas. Diante da pandemia do Covid-19 e da sua gravidade, das repercussões psicossociais relacionadas à doença e da natureza do trabalho realizado pelos profissionais que se encontram na linha de frente, tais cuidados devem ser constantes e ter a sua necessidade e relevância validadas, tanto pelos próprios trabalhadores da saúde quanto pelos gestores”, informa a cartilha.
A publicação aborda de forma didática as reações mais frequentes diante da situação, sejam elas: emocionais, como o medo, sentimento de impotência, irritabilidade, angústia e tristeza; comportamentais, como alterações ou distúrbios do apetite e do sono, conflitos interpessoais, atos agressivos e crises de pânico; transtornos psíquicos imediatos, como episódios depressivos, transtorno de ansiedade e estresse; e efeitos tardios, como o abuso do álcool e de outras substâncias psicoativas.
“Além do medo relacionado à possibilidade de infecção e adoecimento, já que uma parcela dos profissionais da saúde tem sido infectada durante a assistência a esses pacientes ou no momento de desparamentação, a necessidade dos treinamentos e da criação de protocolos para o atendimento aos pacientes com Covid-19, e documentos e normativas com orientações diárias promovidas pelo Ministério da Saúde, acabam contribuindo para o aumento da ansiedade”, afirma a psicóloga Alexsandra Braga Torres, uma das preceptoras das residentes, ao lado das colegas Andreza Karina Silva Machado Costa e Simone Pinto Lima. O tutor é o professor Walter Lisboa Oliveira.
“A maioria dessas reações emocionais é normal, já que estamos vivenciando algo novo, que nos impõe a necessidade de adaptação’, acrescenta a psicóloga do HU. Daniela de Santana Batista, Larissa Gabriela Silva Santos, Milena Cordeiro Barbosa e Ticiane Costa dos Santos são as residentes que organizaram a cartilha.
Excesso de informações
Evitar excesso de informações é uma das estratégias de enfrentamento traçadas pelo guia, que também orienta: manter o autocuidado e lembrar-se de descansar; evitar hábitos prejudiciais; conversar com os colegas; não se isolar; praticar a resiliência, refletindo sobre as dificuldades enfrentadas e o que pode aprender com elas; compartilhar o cuidado; praticar exercício de respiração e meditação; retomar estratégias de enfrentamento já utilizadas em crises anteriores; cuidar de seu corpo; estabelecer uma rotina; e manter a fé e atividades religiosas e/ou espirituais, caso façam parte da rotina.
Além do guia, acessível a qualquer interessado no assunto, o Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe está oferecendo outras opções de suporte aos seus servidores para manutenção da saúde física e mental, a exemplo do plantão psicológico, em um esforço que reúne profissionais das áreas de Terapia Ocupacional, Psicologia e Psiquiatria.
Acess aqui o Suporte em saúde mental em tempos de Covid-19 – Guia de cuidados aos profissionais da saúde
(Marcos Cardoso, Gabinete do Reitor, com Andreza Azevedo, Assessoria HU/UFS)