Sergipe está na rota dos investigadores cariocas que apuram a passagem do ex-policial militar Adriano da Nóbrega, o “capitão Adriano” pelo Nordeste. Miliciano muito conhecido no Rio de Janeiro, ele foi morto pela Polícia baiana no município de Esplanada, em fevereiro passado. E por que Sergipe? Segundo um investigador, durante o período em que esteve foragido na Bahia, o miliciano teria “lavado” dinheiro de origem criminosa por meio do arrendamento de fazendas de gado no estado, registradas em nome de laranjas. Há provas, inclusive, de que ele participou de vaquejadas em Sergipe.
Conduzidas pelos promotores do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) do Rio de Janeiro, as investigações sobre a passagem do “Capitão Adriano” pelo Nordeste foram retomadas agora, após a terceira paralisação por ordem de tribunais superiores, em atendimento a questionamentos das defesas dos alvos. São apurados crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro. Ministério Público e a Polícia Civil do Rio de Janeiro investigam a existência de uma “rede de amigos” que teria dado sustentação financeira e operacional ao ex-policial militar e seus familiares.
Negócios blindados
O objetivo é saber quem ajudou o miliciano a ocultar patrimônio, blindando negócios e crimes, e participou de sua fuga. Já foram encontrados indícios, nas duas frentes de apuração, de que políticos, magistrados, policiais, agentes públicos e empresários podem ter integrado essa rede de proteção, que, segundo investigações, garantiu apoio logístico e financeiro para a fuga de Adriano e a defesa de aliados. Parte deles é apontada como “sócios ocultos” dos negócios da milícia. Investigadores buscam identificar quem custeou e ajudou nas defesas.
O miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, 43 anos, vivia na Bahia e transitava por Sergipe e Tocantins sem disfarces. Reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo apontou que ele circulava por festas e vaquejadas em praias da Bahia e de Sergipe e se identificada como “Capitão Adriano”, a mesma alcunha que usava no Rio de Janeiro. Quando foi morto pela Polícia baiana, o miliciano estava escondido no Parque Gilton Guimarães, uma fazenda que também é área de vaquejadas, na zona rural de Esplanada (BA). O local pertence a Leandro Guimarães, que também organiza outros torneios na região e recentemente sediou um concurso com premiação total de R$ 60 mil.