Por Adiberto de Souza *
Neste 13 de maio, o Brasil lembra a Lei Áurea, assinada em 1888 pela princesa Izabel visando abolir a escravatura no Brasil. Antes de ser uma benevolência aos negros, a canetada da fidalga foi a última manobra da monarquia para tentar captar a plataforma abolicionista e enfraquecer o movimento republicano. Não conseguiu e caiu de madura. Ressalte-se que a aprovação da Lei pelo elitista Senado imperial não significou a extinção das relações escravocratas constituídas ao longo dos mais de 350 anos de escravidão no país, pois não eliminou a exploração das pessoas que foram escravizadas e nem propôs qualquer política pública de reparação ou equiparação das desigualdades historicamente construídas. Passados 132 anos da Lei Áurea, continuamos assistindo as relações raciais desequilibradas, com negros sendo condenados à exclusão social. Ao contrário do que muitos tentam negar, a escravidão tem sido perpetuada com uma roupagem diferente: a desigualdade social. Portanto, seguindo uma reflexão da Fundação Palmares, que este 13 de maio não seja de comemoração, mas de reflexão. Amém!
Aqui não, violão!
O governo de Sergipe e a Prefeitura de Aracaju fizeram ouvidos de mercador para o decreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) liberando o funcionamento de academias de ginásticas, barbearias, etcétera e tal. O governador Belivaldo Chagas (PSD) e o prefeito Edvaldo Nogueira (PCdoB) optaram em respeitar a decisão do Supremo Tribunal Federal delegando aos estados e municípios a decisão sobre o que abre ou fecha nesta época de pandemia. Portanto, a canetada do capitão de pijama não passou de mais uma letra morta. Vixe!
Música no enterro
O ex-prefeito de Canindé, Genivaldo Galindo (PSDB), foi sepultado, ontem, ao som das músicas de Adelino Nascimento, cantor brega que era amigo pessoal do político tucano. Um grande cortejo de carros e motos acompanhou o féretro desde a entrada da cidade até o cemitério. Galindo morreu em Aracaju, segunda-feira passada, com suspeita de coronavírus. Ele tinha 73 anos e foi prefeito de Canindé de 1997 a 2001.
Figurinhas carimbadas
Os eleitores já começam a torcer pelos pré-candidatos às próximas eleições. A grande maioria da população nem conhece ainda os postulantes aos cargos de prefeito e vereador, porém isso não será problema. No tempo certo, a propaganda eleitoral vai apresentá-los como verdadeiros santinhos, recheados de propostas para resolver todos os problemas do povo. Passado o pleito, os eleitores voltam a esquecê-los, ao tempo em que também serão esquecidos pelos ditos cujos. Homem, vôte!
Marcação cerrada
Pré-candidato a prefeito de Lagarto, o emedebista Sérgio Reis não deixa em paz a prefeita Hilda Ribeiro (SD). A última crítica do rapaz à moça diz respeito às compras feitas pela prefeitura. Segundo Reis, em vez de privilegiar o comércio lagartense, Hilda tem preferido comprar álcool em gel e produtos da cesta básica em outros municípios. Pelo visto, essa briga deve prosseguir até depois das eleições. Marminino!
Porteiras fechadas
E a Defensoria Pública de Sergipe propôs à Prefeitura de Aracaju que decrete um lockdown na cidade por oito dias, visando reduzir o número de contágios e a ocupação de leitos nos hospitais por pacientes da Covid-19. Resta saber se o prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) vai adotar esta que é a medida mais extrema de isolamento social. O lockdown estabelece o fechamento total do comércio, exceto as atividades essenciais, além de interdição de vias públicas e proibição de viagens não essenciais. Crendeuspai!
Alma doente
Pesquisa do Ibope revela que 67% das pessoas acreditam que já deixaram de ser contratadas para uma vaga por serem negras. E seis em cada 10 informaram que já foram vítimas de discriminação no ambiente de trabalho. “O gerente disse que eu deveria tirar as tranças e alisar o cabelo para ficar mais bonita”, contou uma das entrevistadas. Os racistas são doentes da alma, um mal incurável. Desconjuro!
Justa homenagem
Falecido no último sábado, o professor João Gomes Cardoso Barreto foi homenageado, ontem, no Tribunal de Contas de Sergipe. “Era um homem de excelente trato social, muito qualificado pessoalmente e moralmente inatacável”, afirmou o conselheiro Carlos Pinna, durante a sessão da Primeira Câmara do TCE. O conselheiro concluiu afirmando que João Gomes Barreto “foi um professor de todos nós que ingressamos no serviço público”. Bravo, bravo!
Fantasminhas camaradas
A Justiça sergipana absolveu os chamados servidores fantasmas que, segundo a acusação, recebiam gordos salários sem bater o ponto na Prefeitura de Aracaju. A denunciada mamata teria ocorrido na administração do ex-prefeito de Aracaju, João Alves Filho (DEM). Por maioria de votos, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça entendeu que os acusados pela prática de come-e-dorme não cometeram crime de peculato, como tentava incriminá-los o Ministério Público. Então, tá!
Apagão sanitário
Veja a triste constatação a que chegou o eleitor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), senador Alessandro Vieira (Cidadania): “O desgoverno na saúde levou a um apagão de informações. O país sabe o ritmo da inflação a cada dia, mas desconhece a realidade sanitária nas cidades, de pessoal, leitos e equipamentos na rede hospitalar”. Misericórdia!
Recorte de jornal
Publicado no Jornal do Aracaju, em 17 de setembro de 1873.
* É editor do Portal Destaquenotícias