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Manoel Luiz diz que sairá da CBHb pela porta da frente

Manoel Luiz vai manter a sede da Confederação em São Bernardo

Depois de 23 meses afastado da presidência da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb), por decisão judicial, o sergipano Manoel Luiz Oliveira voltou ao cargo. O processo contra ele foi extinto na Justiça Federal de Sergipe, estado natal do dirigente, porque os autores da ação popular não deram continuidade a ação judicial. Desde 1989 à frente da CBHb, Manoel Oliveira era acusado de irregularidades no uso de convênios públicos (confira abaixo os detalhes do caso). Com a extinção do processo, o dirigente pôde reassumir o cargo, cujo mandato só termina em fevereiro de 2021. O vice-presidente Ricardo Luiz de Souza, o Ricardinho, que ocupou a presidência nesse período, retomou a posição de segundo nome da entidade. O dirigente falou com exclusividade à Agencia Brasil sobre o período em que ficou afastado do cargo e sobre o futuro.

AB – Como o senhor recebeu a notícia da sua liberação para retornar ao cargo de presidente da CBHb?

Manoel Oliveira – Recebi de uma maneira clara, com satisfação e alegria. Fui legalmente eleito e retirado do mandado por uma ação que não foi correta. A eleição, na qual fui eleito, foi conduzida de forma clara e transparente e a vitória foi íntegra. Minha saída foi ruim. Sinto muita alegria por ter voltado. Eu entrei pela porta da frente e vou sair pela porta da frente. Não foi correto a forma como me tiraram. Porém, também, ao mesmo tempo sei que o momento é extremamente difícil e preocupante em função das perdas de patrocínios e da atual situação do esporte em decorrência da pandemia. Inclusive o handebol. Agora, é fazer o meu melhor nestes últimos dias da minha gestão.

AB – Muitos atletas consideram necessária uma renovação no comando da entidade. O seu mandato atual vai até fevereiro de 2021. O senhor pretende seguir à frente da CBHb depois disso?

Manoel Oliveira – Eu acho correto mudanças. Realmente eu fiquei muito tempo e a sociedade já não aceita isso mais. Porém, eu sempre dei o meu melhor e conseguimos os melhores resultados na modalidade sob minha gestão. Pretendo antecipar as eleições e não tenho nenhuma pretensão em continuar à frente da CBHb. [Segundo a Confederação, o processo interno para essa antecipação já foi iniciado. A primeira etapa é a eleição para a ampliação do colégio eleitoral e, somente depois, ocorrerá a Assembleia para a deliberação a respeito da antecipação da eleição presidencial].

AB – Atualmente, como está a sua relação com o ‘Ricardinho’? [Ricardo Luiz de Souza, é atualmente o vice-presidente da CBHb, mas ocupou a presidência durante o afastamento de Manoel Oliveira].

Manoel Oliveira – Da mesma forma como era. Acredito que ele não tenha ficado muito feliz com meu retorno. Porém, o direito de estar aqui me foi dado pela lei. A Justiça que me reconduziu e não tinha porque não ser assim. Ele cumpriu a parte dele e eu estou voltando para terminar o que iniciei.

AB – Qual o seu planejamento em relação à sede da entidade? A ideia é ficar mesmo em São Bernardo (SP)?

Manoel Oliveira – Os planos não foram alterados. A proposta é que a sede da Confederação Brasileira de Handebol fique mesmo em São Bernardo do Campo (SP), nosso grande legado olímpico da Rio 2016. [No período em que Ricardinho comandou a entidade, além de reduzir o quadro de funcionários e congelar algumas dívidas, ele também mudou a sede da CBHb de Aracaju (SE) para São Bernardo do Campo (SP). A mudança, autorizada em assembleia geral em 2014, possibilitou uma redução orçamentária anual de cerca de R$ 86,4 mil.

AB – E a demissão do técnico espanhol Daniel Gordo? Foi observada mais a parte técnica ou a financeira?

Manoel Oliveira – O contrato com o professor Daniel Gordo era previsto até a realização do torneio Pré-Olímpico, em abril de 2020, na Noruega. Com determinação de suspender todas as atividades em decorrência da pandemia, usamos do direito que tínhamos de romper o contrato. A questão financeira também foi determinante. Não era interessante manter um contrato que naquele momento, não tinha muito o que se fazer. Foi uma decisão consensual da parte técnica da Confederação e a da Presidência. [Apresentado no final de novembro de 2019, Daniel Gordo teve pouco tempo no comando da equipe masculina e participou de apenas uma competição, o Centro-Sul-Americano de Handebol, disputado em janeiro passado, no Paraná].

AB – Até quando o senhor pretende anunciar o novo nome? A prioridade será mesmo a conquista da vaga olímpica no torneio de março de 2021? O Brasil vai disputar uma das duas vagas com Noruega [dona da casa], a Coreia do Sul e o Chile. A vaga é viável? [Inicialmente previsto para abril de 2020, o Pré-Olímpico Masculino de Handebol foi adiado para março de 2021,na Noruega]

Manoel Oliveira – Estamos buscando um novo nome. Temos tempo. De certa forma, a pandemia [do novo coronavírus, covid-19] nos deu esta possibilidade de pensar e tomar a melhor decisão. Com relação ao nosso maior objetivo para a seleção masculina é realmente conquistar a vaga olímpica. Este objetivo está sendo planejado e vai ter início neste ano, porém vai ser executado pelo novo Presidente da CBHb.

AB – Uma outra questão envolve o pessoal do handebol de praia. A modalidade criou, em junho do ano passado, uma entidade própria para gerir o esporte. [A Novo Beach Handebol Brasil (NBHb) foi criada a partir de um movimento de atletas que estavam insatisfeitos com a administração da CBHb]. Muita gente se queixa da falta de apoio por parte da CBHb. O senhor pretende mudar alguma coisa em relação a isso?

Manoel Oliveira – Temos uma relação muito próxima com o Beach. Na nossa visão, nunca deixamos de apoiar o Beach. Tivemos problemas em uma competição, mas demos tudo o que pudemos, dentro da normalidade, e os resultados que temos, as conquistas que temos, são frutos justamente do que a CBHb possibilitou. Agradecemos muito a determinação e qualidade que nossas equipes têm, que nossas comissões técnicas têm e, como consequência, somos os melhores do mundo. Talvez, eles tivessem a expectativa de receber mais, mas a CBHb nunca deixou de auxiliar como pode o Beach Handebol. Estamos tendo reuniões com as comissões técnicas, com os dirigentes e com o diretor da modalidade, e tenho certeza de que vai continuar tudo muito bem.

Fonte e foto: Agência Brasil

 

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