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A música da derrota

Por Adiberto de Souza *

Este episódio aconteceu em 1988, na reta final da campanha para prefeito de Aracaju. O saudoso médico Lauro Maia, que começou o embate eleitoral liderando todas as pesquisas, despencava igual a avião em queda livre. Não por culpa dele, um cidadão de bem e do bem, mas muito pelas trapalhadas dos coordenadores de sua campanha, mais interessados no grande volume de recursos para bancar o projeto político.

Do outro lado da disputa, o advogado Wellington Paixão que, embora muito pouco conhecido na cidade, surfava na crista da onda graças ao estrondoso prestígio político Jackson Barreto, primeiro prefeito eleito na capital depois do golpe militar de 64. Campeão de votos, JB pedia aos aracajuanos que punissem nas urnas os responsáveis pela intervenção que o defenestrou da Prefeitura. Portanto, se faltava recursos na campanha de Paixão, sobrava entusiasmo e apoio popular.

Enquanto isso, a candidatura governista seguia definhando a olhos vistos. Não adiantava a força da azeitada máquina pública. Ressalte-se que, além do auxílio do erário, doutor Lauro Maia ainda contava com o apoio do então governador Antônio Carlos Valadares, do ex-governador João Alves Filho, da poderosa família Franco, etcetera e tal.

Para fechar o caixão da medíocre campanha governista, a coordenação teve a infeliz ideia de convidar para animar o último showmício o cantor Wando, que liderava todas as paradas de sucesso. O local escolhido foi o populoso conjunto residencial Augusto Franco, na zona sul de Aracaju. Terminada a cansativa falação política, chamaram Wando ao palco e ele abriu o show com o seu maior sucesso: Bastou cantar “você é fogo”, para a praça, superlotada, responder em peso: “E eu sou Paixão!”. O bom Lauro Maia perdeu feio.

  * É editor do site Destaquenotícias

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1 Comments

  1. Heraldo Oliveira disse:

    Excelente história, pra nos dá ânimo político nesses tempos de Pandemia.

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