Por Adiberto de Souza *
Natural de Ribeirópolis, no agreste de Sergipe, o juiz de Direito José Rivaldo Santos ganhou notoriedade quando assumiu o Juizado de Menores de Aracaju. Pessoa simples e afável, o magistrado despachava com a porta do gabinete aberta para facilitar o acesso de quem queria consultá-lo. Cristão ao extremo, doutor Zé Rivaldo sempre tinha uma palavra de conforto para as mães desesperadas, que o procuravam para se aconselhar sobre as peripécias dos filhos, muitos deles mal encaminhados na vida.
No começo da década de 90, o juiz José Rivaldo conseguiu transferir para outros estados garotos ameaçados de morte por policiais civis envolvidos com o tráfico de drogas. Antes da pronta e corajosa intervenção do magistrado, Aracaju foi manchete internacional graças à chacina de quatro meninos acusados de promover arrombamentos em lojas comerciais da capital. O excelente trabalho que realizou à frente do Juizado de Menores rendeu ao doutor Zé Rivaldo dois mandatos de deputado estadual.
A religiosidade aguçada e a devoção à família, contudo, levaram o juiz José Rivaldo a contracenar um caso polêmico, que também rendeu bons espaços na imprensa nacional. Logo que assumiu o Juizado de Menores, o magistrado resolveu proibir a exposição e a venda de um doce chamado bala Xibiu, muito consumido por aqui. A indústria responsável pela guloseima tentou convencê-lo que xibiu é o nome dado a pequenos diamantes, porém, o juiz não arredou pé de sua decisão. Resultado: Aracaju passou a ser a única cidade brasileira onde era proibido chupar xibiu. Misericórdia!
* É editor do site Destaquenoticias
2 Comments
Parabéns pelo artigo. Mesmo fora do mercado a goloseima ainda inspira a saudade e o desejo de fazê-lo.
Em 1988, o salivoso produto virou hit nacional por meio da banda baiana Frutos Tropicais. Resta saber se o ínclito juiz também levou para o campo das ouças sua delicada atenção visual. Fatos assim só enriquecem nossa memórica folclórica. Aliás, vale lembrar que você fez uma reportagem, entre outras, que ganhou as páginas do Sul, mais precisamente no Jornal do Brasil, do qual foi correspondente: a do “Poema vai à justiça em Sergipe”, em que dissecou o embate, inclusive no dia da audiência, sobre a acusação de plágio feita pelo saudoso Araripe Coutinho a outro bardo local.