A diretoria da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe (Adufs – Seção Sindical) tornou pública, nesta segunda-feira (8), uma nota de repúdio à carta assinada por professores de um movimento intitulado “Docentes Pela Liberdade” em apoio ao ministro da Educação, Abraham Weintraub. A carta do dia 5 deste mês é assinada por mais de 70 professores universitários de vários estados, dentre eles duas professoras da UFS, Brancilene Santos de Araújo, do Departamento de Fisiologia, e Denise Leal Fontes Albano Leopoldo, do Departamento de Direito, que é candidata a reitora da instituição.
A nota da Adufs afirma que a carta é “na verdade uma posição contra a universidade pública, contra a liberdade de cátedra, contra a liberdade de expressão e contra os direitos de nós, professoras e professores. Afinal, defender alguém que nos ataca diariamente é também nos atacar”. E lamenta que uma das signatárias tenha sido presidenta da entidade sindical, “que ao longo dos seus 40 anos de história defende o oposto do que defende Weintraub, um declarado inimigo da educação brasileira”. Brancilene foi dirigente da Adufs.
“A nossa luta cotidiana é contra o fascismo, por liberdades democráticas, pela autonomia universitária, em defesa da educação pública, gratuita e socialmente referenciada”, conclui a carta de repúdio da Associação dos Docentes da UFS.
A carta
Intitulada pomposamente de “Carta aberta de apoio ao excelentíssimo ministro da Educação, o prof. Dr. Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub”, o documento da associação Docentes Pela Liberdade – DPL manifesta apoio ao ministro “frente ao momento que nossa nação está vivenciando” e afirma ser “a favor do ensino por excelência e contra qualquer tipo de doutrinação, imposição ideológica e, principalmente, somos defensores da Educação Brasileira em todos os seus níveis”.
Os autores da carta afirmam que “precisamos reagir ao declínio na qualidade do ensino que tanto prejudica a todos, fruto de políticas equivocadas adotadas nas últimas décadas” e que o ministro da Educação “tem a convicção do triste estado de nossa Educação, pois conhece os rankings internacionais que apontam o país como estando entre os últimos colocados entre as nações avaliadas, seja na educação básica seja no nível superior”.
“Tal constatação exige que tomemos providências no sentido da melhor aplicação do dinheiro público, reformulando práticas adotadas durante décadas, que ao final nos conduziram a este atual momento. Nós, da Associação Docentes Pela Liberdade, temos a certeza de que o nobre ministro também compactua com os nossos anseios, quais sejam, necessidade de recuperação urgente da Educação Brasileira e, consequentemente, a recolocação do Brasil no ranking dos melhores ensinos mundiais”, prossegue a carta.
E encerra: “A Educação poderá nos fazer assumir um maior protagonismo internacional, elevar a qualidade dos nossos produtos e serviços para a estabilidade e o crescimento socioeconômico, e atuar de forma independente para o desenvolvimento do país. Entretanto, infelizmente no momento essa Educação se encontra em leito de UTI”.
Candidata a reitora
Candidata a reitora da UFS com a chapa “RenasceUFS”, que tem como candidato a vice-reitor o professor Aderval Aragão, do Departamento de Morfologia, a professora Denise Albano não esconde sua grande simpatia pelo presidente Jair Bolsonaro e já fez fotos ao lado de ministros do governo, inclusive do ex-ministro Sérgio Moro.
Ela tem forte atuação nas redes sociais. Recentemente, publicou que a “Globolixo apoia vandalismo, agressões, intimidação” e, numa postagem crítica ao ministro do STF Alexandre de Moraes, atacando o “inquérito ilegal das fake news”, escreveu: “Não diga que ele advogou para o PCC porque ele não gosta (e como advogado, ok)” (sic).
3 Comments
Não temos mais fim, nem poço. Chegamos ao nada. Valei-me são Marx: “Quem educará os educadores?”
Infelizmente para esses professores ligados a Bolsonaro o que eles pregam é a privatização do ensino público, extermínio das minorias e a criminalização de tudo que seja contra a linha de pensamento deles.
Pra completar, o descaso com a língua, pois, no cartaz, falta a devida crase no “candidatos à reitoria”. Mas aí é querer demais. Esperar o quê de quem apoia o exterminador da “última flor do Lácio”, também conhecido como ministro da “inducação”?