O setor da cachaça deve sofrer neste ano, uma queda de 21,7% em volume total, incluindo vendas em supermercados, bares e restaurantes. Responsável pela pesquisa, a empresa Euromonitor International revela que o motivo da retração é a pandemia do novo coronavírus. Antes da crise, o setor previa expansão de 1,5% agora em 2020.
Segundo o diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Carlos Lima, o cenário pode ser ainda pior, uma vez que o estudo do Euromonitor projetava uma quarentena de dois meses e meio, para uma queda do Produto Interno Bruto (PIB, que é a soma dos bens e serviços produzidos no país) em torno de 5%. Mas a pandemia já está se estendendo por quase quatro meses, sem ainda definição para um retorno à normalidade, e os economistas indicam para o PIB retração superior a 9%. “A gente acha que pode ter um cenário ainda mais pessimista”, concordou Lima.
Outras empresas de pesquisa de mercado colocam que o consumo de bebidas alcoólicas no mundo deve cair cerca de 12% em 2020 e que uma retomada aos patamares anteriores só acontecerá em 2024. “É para mostrar quanto o segmento de bebidas alcoólicas mundialmente vem sendo impactado pela questão da pandemia, da covid”, disse o diretor executivo do Ibrac.
Lei seca
Segundo Carlos Lima, o setor da cachaça acabou sendo impactado por outro movimento, que foi a Lei Seca, implantada em alguns estados e municípios, proibindo a comercialização e o consumo de bebidas alcoólicas no período de pandemia. “Isso também afetou as empresas”. Lima destacou que não houve uma “receita de bolo” para as empresas enfrentarem a crise. E muitas não superaram.
O setor é formado, em sua maioria, por micro, pequenas e médias empresas. Muitas delas não trabalhavam com o comércio eletrônico e tiveram que se estruturar para fazer vendas pela internet. “Tem sido um trabalho de reinvenção do setor para conseguir sobreviver, assim como os demais setores, nesse momento de pandemia. Cada empresa seguiu um caminho diferente para tentar se reinventar nesse momento”.
O setor da cachaça no Brasil respondia pela geração de 600 mil empregos diretos e indiretos. O número de postos de trabalho caiu, entretanto, durante a pandemia da covid-19, admitiu Carlos Lima. O Ibrac, entretanto, ainda não tem estimativa de quanto a pandemia afetou o setor, na área do emprego. Com a crise, várias empresas foram obrigadas a demitir funcionários, outras fizeram redução de jornada e, consequentemente, de salários, para tentar atravessar a crise.
Fonte e foto: Agência Brasil