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A UFS e as cotas raciais

Professor Valter Joviniano é o novo reitor da Universidade Federal de Sergipe

Valter Joviniano de Santana Filho*

 

A UFS é a única universidade pública de Sergipe. Por esta razão, o compromisso social da Instituição sempre esteve inteiramente voltado para atender ao Estado que lhe empresta o nome, e ao Brasil. Sendo assim, buscando colaborar com as políticas públicas de democratização do acesso ao Ensino Superior, a UFS adota, já há quase uma década, a política de cotas. Na verdade, fomos umas das instituições pioneiras em âmbito nacional.

O sistema de cotas foi implantado na UFS em 2010. Desde então, promovemos o acesso de pelo menos 22 mil alunos na Graduação presencial através desta ação. Milhares de vidas foram transformadas graças à adoção desta medida pela nossa Universidade, que depois estendeu a ação aos concursos públicos e seleções de pós-graduação.

Talvez, caiba questionar as razões ainda existentes para que o sistema de cotas permaneça a gerar tanta discussão entre pessoas que se mostram contrárias ou favoráveis a sua implantação. Possivelmente, a desinformação seja o fator mais decisivo às críticas.

Todas as pesquisas realizadas internamente pela gestão sinalizam para o sucesso do sistema de cotas. E o monitoramento constante é algo que não podemos perder de vista. Afinal de contas, qualquer política pública precisa ser frequentemente avaliada, aperfeiçoada e debatida. No caso da Universidade Federal de Sergipe, podemos dizer que ao adotar o uso das cotas, a instituição ampliou o seu papel de transformadora social.

Não se trata de retórica, os dados estão disponíveis para quem quiser nos relatórios de Gestão e no portal da própria UFS. O que eles nos mostram? Que os alunos aprovados nas cotas apresentam rendimento similar ou superior ao dos colegas aprovados na ampla concorrência. Por outro lado, as recentes parcerias da UFS com o Ministério Público Federal, e a atuação dos movimentos sociais, foram essenciais na criação de medidas para combater possíveis fraudes no sistema. Em lugar de simplesmente agir como órgão policial, temos nos ocupado em orientar, esclarecer e, quando necessário, solicitar o apoio do MPF para a adoção de medidas judiciais.

O certo é que, graças às cotas, pessoas que enfrentaram dificuldades durante a vida por causa da cor, da origem social ou por apresentarem alguma deficiência encontraram na política de ações afirmativas da UFS a oportunidade para mudarem as vidas. É claro, todos desejamos viver tempos em que o uso das cotas não seja mais necessário, nos quais atos de intolerância racial e ódio ao diferente sejam coisas de um passado triste a ser deixado de lado. Mas, infelizmente, na atualidade, as cotas ainda são fundamentais.

Ainda assim, para as pessoas que em pleno século XXI ainda se opõem, um pouco de boa leitura sobre o assunto pode ser providencial. O caso da UFS, mas, também, o de outras universidades Brasil afora ajuda a mostrar a importância da medida. Precisamos fomentar a tolerância, incentivar ações que tenham como foco a inclusão social. Essa marca da nossa Universidade deve permanecer e ser ampliada. Por nossa experiência institucional e pela relevância do assunto precisamos divulgar a importância do sistema de cotas, pois, a desinformação é algo amplamente prejudicial. Como lugar de produção do conhecimento a UFS deve trabalhar para um mundo mais justo e menos raivoso.

 

*Valter Joviniano de Santana Filho, professor do Departamento de Fisioterapia, com mestrado e doutorado em Fisiologia pela USP, é vice-reitor da Universidade Federal de Sergipe.

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