“100 mil mortos por Covid-19! Em defesa da vida, do emprego, da renda e dos direitos, Fora Bolsonaro”. Estas são as palavras dos outdoors preparados pelos sindicatos e movimentos sociais para recepcionar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que vem a Sergipe nesta segunda-feira (17). Os outdoors foram colocados em frente ao Aeroporto de Aracaju e ao longo do trajeto de Bolsonaro em Aracaju, por Laranjeiras e também na Barra dos Coqueiros. O protesto contra Bolsonaro foi organizado pela CUT, CTB, CSP-Conlutas, UGT, Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo, Fórum Negro, Comitê Sergipano Popular pela Vida e UNE.
Um dos objetivos da viagem de Bolsonaro a Sergipe é inaugurar, na Barra dos Coqueiros, a Termelétrica Porto Sergipe. As entidades sindicais fazem questão de informar que esta obra foi idealizada e projetada no governo da presidenta Dilma Roussef (PT). “Em 2014, o governo Dilma abriu o leilão que teve a empresa Celse como vencedora. Depois do golpe contra a presidenta, no dia 28 de setembro de 2016, a Celse lançou a pedra fundamental para a construção da UTE, Termelétrica Porto Sergipe”, explica nota dos sindicatos.
Projeto maior
O geólogo Eugênio Dezen, com passagem pela gerência executiva da Petrobras no Rio de Janeiro, ex-presidente da Codise e Sergás em Sergipe, conhece bem o projeto. “A Termelétrica Porto Sergipe faz parte de um projeto maior com mais duas termelétricas. É um projeto interessante para o País poder crescer, então é bom para o Brasil. É preciso da disponibilidade de energia térmica para complementar as demais fontes energéticas”, explicou.
A nota encabeçada pela CUT revela, ainda, que no município de Laranjeiras, Bolsonaro tem outro compromisso na antiga Fafen, “hibernada em seu governo gerando um impacto negativo para a economia local. Com o arrendamento pela Proquigel, a empresa passou a assumir o controle das Fafens Bahia e Sergipe pelos próximos 10 anos, além das fábricas, o arrendamento inclui os terminais marítimos de amônia e uréia no porto de Aratu, na Bahia”.
De acordo com Deyvid Bacelar, Coordenador Geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), o valor de R$ 170 milhões pelo arrendamento das Fafen/SE e Fafen/BA, correspondente ao período de 10 anos, foi um péssimo negócio para Sergipe e para o Brasil.
“Estamos diante de um processo de desmonte do estado brasileiro e de entrega do patrimônio público brasileiro para o capital privado. A gestão Castelo Branco (atual presidente da Petrobrás), assim como Paulo Guedes e Bolsonaro, tem se movimentado no sentido de uma vingança ao Norte e Nordeste no Brasil, onde tivemos uma votação expressiva contra ele nas eleições presidenciais”, apontou.
Nada de Bom
Para Roberto Silva, presidente da CUT/SE, “o povo sergipano não tem nada a comemorar nesta segunda-feira, nem com a vinda de Bolsonaro ao Estado – que tem feito uma péssima gestão na luta contra a Covid-19, nem pelas inaugurações que partem de uma visão do ‘Brasil privatizado’ sem qualquer benefício para a população”.
O presidente da CUT/SE também criticou a postura do governo de dar uma série de incentivos para a Celse prejudicando todo o setor industrial de Sergipe. “Entendemos que a Celse não deve ter um tratamento diferenciado das demais indústrias, pois isso não é motivo de comemoração, mas de lamentar a política de estado que só promove as grandes empresas ao invés de incentivar também as pequenas empresas, que inclusive geram mais empregos”.