Por Antônio Samarone *
O principal, talvez o único, fato histórico de relevância mundial ocorrido em Sergipe, foi o ataque do submarino alemão U-507, aos navios mercantes Baependi, Araraquara e Aníbal Benévolo no litoral sergipano, na madrugada de 15 de agosto de 1942.
Centenas de mortos…
Um fato que Sergipe insiste em esquecer.
Restaram a rodovia e os dois cemitérios dos Náufragos. O cemitério dos militares no Mosqueiro, a marinha cuida, o outro cemitério, na Avenida Inácio Barbosa, onde estão os restos mortais dos civis, encontra-se ao “deus dará”.
Os navios Baependi e Aníbal benévolo foram afundados na Barra da Estância, e o Araraquara nas Praias de São Cristóvão (hoje Aracaju). Lembrando aos esquecidos, a barra do Vaza Barris ficava no limites entre São Cristóvão e Itaporanga. A nossa Praia de Atalaia, chamava-se “Atalaia da Barra do Vaza Barris”.
Segundo o historiador Luiz Cruz:
“O Araraquara avançava sentido norte, via-se o clarão de Aracaju mais à frente. Eram 21 horas, da noite de 15 de agosto de 1942, quando se encontrava de soslaio à capital sergipana. Ele foi atingido por dois torpedos na posição de Lat 11º 53‘ S e Long 37º 22‘ W.”
“Na medida em que a água invadia os seus compartimentos, o Araraquara começou a adornar a estibordo. Provavelmente, a luminosidade de Aracaju ao fundo contribuiu para silhuetar o Araraquara, facilitando assim, a investida militar do U-507.”
Não existem dúvidas, essa agressão alemã no litoral sergipano foi decisiva para a entrada do Brasil na Guerra. Em janeiro de 1942, o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Eixo, o que ensejou o ataque alemão. Depois do ataque, o Brasil declarou guerra à Alemanha.
Aracaju desconhece a sua história.
A Segunda Guerra chegou ao Atlântico Sul e Sergipe foi palco das ações belicosas alemãs. O maior pesquisador sobre o tema é o sergipano Dr. Luiz Antonio Pinto Cruz, mesmo assim, ignoramos esses fatos.
Visando clarear o tema, farei amanhã (15/09), as 18 horas, uma Live com o historiador Luiz Antonio Pinto Cruz, sobre o assunto.
Há muito que se cobra das autoridades sergipanas a construção de um memorial aos mortos pelo ataque alemão, no sítio onde está o cemitério dos náufragos. O desgoverno Belivaldo está construindo uma orla no local, que talvez acabe soterrando a história.
Não pensem que o Governo desvaloriza a história por perversidade, não, claro que não, é que eles navegam no mais profundo desconhecimento.
Para os que só entende a linguagem dos cifrões, o memorial seria um ponto de atração turística. A nossa ligação histórica com o mundo. Sem memória não existe civilização.
Espero que os candidatos à prefeito do Aracaju incorporem aos seus programas de governo essa realização.
* É médico Sanitarista e professor da Universidade Federal de Sergipe.