Marcos Cardoso
O professor Angelo Roberto Antoniolli conclui, nesta quarta-feira (18), o segundo mandato à frente da Reitoria da Universidade Federal de Sergipe. Ele assumiu a primeira gestão no dia 23 de novembro de 2012 e depois foi reempossado no cargo no final de 2016. Nesses oitos anos, encarou momentos de dificuldade, principalmente de ordem financeira, mas conclui uma administração reconhecidamente realizadora, o que pode ser constatado no Relatório de Gestão 2013-2020, intitulado “Compromisso com a construção de uma sociedade moderna, sustentável e de iguais”, publicado hoje.
“Estes últimos oito anos, que se afiguravam difíceis, findaram realizadores e nos regalando de grandes alegrias: consolidamos a expansão e a interiorização, assegurando importantes e visíveis resultados graças à busca de alternativas para a gestão, especialmente no que diz respeito à captação de recursos oriundos de emendas parlamentares, como também no apoio fundamental da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), que nos possibilitaram dar passos firmes em termos de obras e equipamentos para os campi e os hospitais universitários. Somente em obras de construção, reforma e ampliação, entre os anos de 2013 e 2020, foram investidos R$ 270.303.966,53”, afirma o reitor. O Campus de São Cristóvão praticamente dobrou de tamanho em área construída
Angelo Antoniolli está na gestão há 16 anos, já que foi vice-reitor de Josué Modesto dos Passos Subrinho, quando a UFS ingressou de vez no processo de expansão e interiorização. Ele consolidou esse processo, fortalecendo o então novo Campus de Lagarto, onde conquistou a federalização do Hospital Regional e o transformou no segundo Hospital Universitário e uma referência em saúde no interior do Estado. Também foi a gestão dele que conseguiu criar o sexto campus da UFS, o Campus do Sertão, em Nossa Senhora da Glória.
“O mais novo Campus da UFS, o Campus de Nossa Senhora da Glória, que se popularizou como Campus do Sertão, foi implantado provisoriamente em 2015, já num momento de grandes dificuldades orçamentárias e financeiras. Porém, o prenúncio da crise não nos demoveu de levar a UFS ao sertão sergipano, a fim de propiciar, através da teoria acadêmica e da prática, melhores condições de vida às comunidades sertanejas, possibilitando que cresçam nas suas vocações, quais sejam as ciências agrárias. Em breve estará abrigado num novo e definitivo Campus, localizado numa fazenda que foi doada pela Embrapa. As obras estão aceleradas”, informa.
No Hospital Universitário de Aracaju, obras que estavam paradas há muitos anos foram finalmente concluídas, como a tão aguardada Unidade Materno-Infantil. Com capacidade para realizar 300 partos mensais, a unidade abrigará residências médicas e reforçará o ensino e pesquisa em ginecologia, obstetrícia, saúde da mulher e pediatria. “É um outro momento vivido pelo Hospital destinado ao ensino e à prestação de serviços às camadas mais pobres da população de Aracaju e região”, garante.
Rigoroso na eficiência nos gastos, pôde investir mais na qualificação docente, diferencial na melhoria dos indicadores de desempenho acadêmico dos cursos de graduação e dos programas de mestrado e doutorado. No momento, a UFS conta com 113 opções de cursos de graduação, 46 mestrados acadêmicos, 10 mestrados profissionais e 20 doutorados acadêmicos. Abarca 2.601 alunos nesses cursos de pós-graduação. E acolhe 27.000 alunos na graduação, sendo 25.137 na modalidade presencial e quase 2.000 na modalidade Educação a Distância, matriculados em 13 polos distribuídos por Sergipe.
O avanço na qualificação docente resultou na crescente participação da UFS no cenário científico nacional. A Universidade Federal de Sergipe é a 8ª instituição universitária brasileira, e primeira do Nordeste, mais bem classificada no World University Rankings 2021, promovido pela Times Higher Education (THE). É a primeira vez que uma instituição de Sergipe aparece no ranking, uma avaliação independente, considerando parâmetros e critérios de qualidade internacionais, que classifica as melhores instituições de ensino superior e pesquisa no mundo.
Covid-19
No meio do caminho apareceu uma pandemia e, no enfrentamento à Covid-19, a UFS tem apresentado um desempenho exemplar e bastante elogiado. Antecipou-se à crise, criou imediatamente o Comitê de Prevenção e Redução de Riscos frente à infecção pelo Coronavírus (Covid-19), formado por especialistas e presidido pelo vice-reitor Valter Joviniano de Santana Filho, e suspendeu todas as atividades acadêmicas presenciais. Mas as atividades consideradas essenciais e as aulas (online) não pararam. Os dois Hospitais Universitários, de Aracaju e Lagarto, desempenham papel fundamental nessa luta.
Os projetos de testagem realizados em vários municípios e diversas categorias profissionais produziram 28.000 diagnósticos e contribuíram com a construção do mapa epidemiológico do coronavírus em Sergipe. Através dos laboratórios de quatro dos seus seis campi (São Cristóvão, Lagarto, Itabaiana e Nossa Senhora da Glória), a UFS já produziu mais de 25.000 litros de álcool gel, álcool 70% e álcool glicerinado. Também produziu equipamentos, materiais descartáveis e produtos sanitizantes, como caixas de desinfecção, máscaras, sabonetes líquidos e água sanitária, que atendem aos hospitais universitários, aos hospitais regionais e são distribuídos comunitariamente.
Angelo Antoniolli se despede da Reitoria da UFS com a sensação do dever cumprido. “Só tenho gratidão a todos que estiveram conosco lado a lado nessa jornada e aos que nos ajudaram. Nenhuma sociedade pode ser plenamente livre quando o acesso ao conhecimento não é igual para todos e o desafio de superar as desigualdades históricas pela Educação requer compromisso institucional e responsabilidade dos gestores públicos. Acho que trilhamos por esse caminho. Se não conseguimos tudo, pelo menos fizemos muito do que nos foi permitido”.
O reitor aguarda uma definição do Ministério da Educação sobre quem irá sucedê-lo. Em julho, a UFS realizou um processo eleitoral e definiu a lista tríplice, que é encabeçada justamente pelo atual vice-reitor, Valter Joviniano. Não se sabe quando o presidente da República nomeará o novo reitor, como também ainda não há informação sobre a possibilidade de um interino assumir.