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A Caatinga já perdeu 47% de sua extensão original

A Caatinga é um mosaico de ambientes que se mostram ricos e únicos

À surdina, sem alarde e sem causar nem um vigésimo da comoção causada pela devastação da Amazônia e da Mata Atlântica, a Caatinga já perdeu 47% de sua extensão original, sendo o terceiro bioma mais ameaçado do país. Motivos para a conservação e aproveitamento dos recursos naturais da Caatinga abundam. Desde compromissos morais com as gerações futuras, cuja cultura foi moldada na convivência com esse ecossistema, até a bioprospecção de moléculas úteis para a indústria farmacêutica. Mas é justamente aqui frente ao contraste entre o saber-que-tem-que-fazer e o nada-é-feito que a inércia cobra seu preço. Não há estimativa sobre o estado de degradação dos 53% restantes, mas encontrar hoje porções realmente intactas de Caatinga é tarefa difícil.

A Caatinga é um mosaico de ambientes que se mostram ricos e únicos. E é este plural que faz com que estes ambientes tenham a maior biodiversidade entre as florestas secas do planeta. Em fisionomias vegetais, que vão desde arbustos espinhosos até florestas sazonalmente secas, já foram registradas ao menos 932 espécies de plantas vasculares, 187 de abelhas, 240 de peixes, 167 de répteis e anfíbios, 62 famílias e 510 espécies de aves, e 148 espécies de mamíferos. Mesmo assim, a Caatinga é o bioma terrestre brasileiro menos conhecido, e seu número real de espécies é provavelmente muito maior, uma vez que cerca de 40% da região nunca foram investigados e 80% permanecem subamostrados.

Podemos discutir se descrever esta biodiversidade e desenvolver tecnologias para o seu aproveitamento sustentável vai sair caro ou barato, mas é fato que terá um custo financeiro. Infelizmente, ao contrário do que pode parecer, recursos para a pesquisa no país não são abundantes, e a disputa é cada vez mais acirrada. O Nordeste brasileiro ainda paga o preço do atraso socioeconômico experimentado por décadas com consequências severas para a capacidade científica instalada na região. E dentro do Nordeste, a Caatinga ainda está no final da fila. Só recentemente foram abertas novas universidades públicas no sertão com alguma vocação para pesquisa, o que não tem sido suficiente para competir em igualdade de condições pelos escassos recursos para a pesquisa com grupos de pesquisadores já bem consolidados em outras regiões brasileiras.

Fonte e foto: Portal (o) eco

 

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