O auxílio emergencial está chegando ao fim sem que o governo federal tenha conseguido tirar do papel o plano de criar um novo programa social. Por isso, milhões de brasileiros que, hoje, dependem dos R$ 300 para sobreviver já estão sem saber como vão pagar as contas do próximo mês, visto que o desemprego continua elevado e o novo coronavírus ainda limita o trabalho de muitos informais. Economistas já projetam, portanto, avanço da pobreza, aumento do desemprego e de do crescimento econômico brasileiro no início de 2021.
De acordo com o calendário de pagamentos da Caixa Econômica Federal, os depósitos do auxílio emergencial chegaram a quase 68 milhões de pessoas e se encerram no próximo dia 29. Por isso, brasileiros como Wenne Rodrigues da Silva, 30 anos, já se dizem desamparados. “A gente vive desse pouco dinheiro que o governo fornece”, explica ela, que está desempregada e cuida sozinha de dois filhos pequenos. Wenne diz que está disposta a trabalhar com o que aparecer para sair dessa situação — “babá, cozinheira, auxiliar de cozinha, de tudo um pouco, eu faço” —, mas lembra que não está fácil achar um trabalho.
Pobreza
Economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/ Ibre), Daniel Duque, por exemplo, calcula que a extrema pobreza, que já atinge 13,6 milhões de brasileiros, vai crescer e pode até dobrar no Brasil no início de 2021. “O fim do auxílio emergencial vai colocar mais cinco milhões de pessoas na pobreza e na pobreza extrema, em relação ao período anterior da pandemia, porque o mercado de trabalho ainda está longe de se recuperar, principalmente, para a população informal”, explica.
Duque calcula que a extrema pobreza, que considera as pessoas que vivem com menos de US$ 1,90 por dia e atingia 6,9% da população brasileira em 2019, caiu para 3,3% em meio à pandemia de covid-19 por conta do auxílio emergencial. Porém, pode alcançar algo em torno de 10% a 15% dos brasileiros no próximo ano, atingindo mais de 20 milhões de pessoas. Já a pobreza, que considera as pessoas que vivem com menos de US$ 5,50 por dia e atingia 24,7% da população brasileira no ano passado, deve variar entre 25% e 30% da população em 2021.
Fonte: Correio Braziliense (Crédito; Observatório do Terceiro Setor)