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As vacinas contra a Covid-19 são seguras e eficazes?

A alteração do calendário de vacinação foi anunciada pelo próprio governador

Lucindo Quintans-Júnior, Paulo Martins-Filho, Diego Tanajura e Adriano Antunes de Sousa Araújo*

Desde o início da pandemia da Covid-19 a humanidade está esperando ansiosamente pelo desenvolvimento de uma vacina para essa terrível doença que já vitimou cerca de 1,7 milhão de pessoas ao redor do mundo e o Brasil vem sendo um destaque negativo nesse triste cenário, com quase 11% das mortes. Sem a vacina contra o SARS-CoV-2, vírus causador da Covid-19, não há perspectiva de um retorno à normalidade, mesmo que ainda exija, após imunização, alguns cuidados como a manutenção de certo distanciamento, de medidas redutoras de contaminação e adaptações em relação ao “novo normal”.

Muitos países têm trabalhado juntos para o desenvolvimento de grande parte das vacinas que estão disponíveis ou irão entrar no mercado no início de 2021, inclusive o Brasil tem sido protagonista, pois participa do desenvolvimento direto de pelo menos quatro delas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), calcula-se que cerca de 52 candidatas à vacina estão nas fases 1, 2 ou 3 de estudos clínicos, que envolvem testes com seres humanos.

Há uma série de vacinas candidatas em fase 3 de testes, mas o governo federal só oficializou acordo com a vacina da AstraZeneca/Oxford e com a OMS no incipiente “Plano Nacional de Vacinação”.

Segundo o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, “todas as vacinas produzidas no Brasil, ou pelo Butantan ou pela Fiocruz, por qualquer indústria, terá prioridade do SUS”. Assim, podemos destacar as vacinas abaixo como as mais prováveis (mas não as únicas) a serem usadas pelo SUS: A – Vacinas de RNA: Pfizer/BioNTech e Moderna, B – Vacinas com o vírus atenuado (inativado): Coronavac (Desenvolvida através de parceria entre Instituto Butantan e Sinovac) e Bharat Biotech (Indiana), e C – Vacinas com um tipo de adenovírus modificado: AstraZeneca/Oxford (Desenvolvida em parceria com a FIOCRUZ/Brasil), Instituto Gamaleya (Sputnik V) e Janssen/Johnson & Johnson. A partir de informações do Covax Facility (Instrumento de Acesso Global de Vacinas Covid-19), iniciativa coordenada pela OMS para desenvolvimento, produção e acesso a testes, tratamentos e vacinas para a Covid-19, ainda não há uma definição sobre qual vacina o Brasil receberá.

Elas podem apresentar reações alérgicas? Elas são seguras e eficazes?

Em primeiro lugar, toda e qualquer vacina pode causar algum desconforto e é completamente natural que possa ocorrer isso, sendo os mais comuns a vermelhidão, dor e inchaço no local da aplicação, tontura e até febre. Quem tem filhos, e responsavelmente os acompanha nos procedimentos de vacinação, sabe disso. Assim, as vacinas não são medicamentos e podem apresentar reações adversas e de hipersensibilidade (“alergia”). Por exemplo, casos raros de pessoas imunizadas nos Estados Unidos e Inglaterra com a vacina da Pfizer/BioNTech têm apresentado reações alérgicas que vêm sendo atribuídas à presença do propilenoglicol (composto comum em vacinas de RNA e que pode gerar hipersensibilidade), mas todos os efeitos apresentados são completamente tratáveis com procedimentos médicos geralmente simples. Desta forma, a pessoa só precisa reportar se possui ou não histórico de alergia grave a algum medicamento ou alimento.

Não há a expectativa de casos graves de hipersensibilidade, mas havendo qualquer intercorrência serão acompanhadas como ocorre até hoje com todas as vacinas que nós já tomamos em nossas vidas. De fato, até o momento um pouco mais de 1,2 milhão de doses foram administradas, sendo identificados 6 casos de reações alérgicas nos Estados Unidos e 4 no Reino Unido. Nesse mesmo período, cerca de 100 mil pessoas morreram em decorrência da Covid-19. Em termos de eficácia, as vacinas que concluíram seus estudos de fase 3 têm demonstrado proteção entre 62% a 95%. Segundo a OMS, qualquer vacina que seja segura e com proteção maior que 50% deve ser aprovada.

Portanto, essas vacinas descritas aqui nesse breve e sintético texto são seguras e confiáveis. Todos os dados apresentados caminham no sentido de serem ótimas escolhas para o país. Elas foram aprovadas (ou estão sendo) por rigorosos sistemas de controle das principais agências regulatórias do mundo (que possuem experiência nisso), mesmo quando aprovadas em caráter emergencial. Além disso, algumas dessas vacinas estão sendo desenvolvidas em parceria com renomados pesquisadores e instituições brasileiras. As empresas e instituições envolvidas no desenvolvimento de cada uma delas são exemplos mundiais de rigor técnico, científico e sabem que suas reputações podem ser abaladas pelo desenvolvimento de produtos não confiáveis. E os resultados dos principais achados científicos, inclusive os eventos adversos, estão sendo continuamente publicados e acompanhados por toda comunidade científica.

É leviana e descabida qualquer informação que macule essas vacinas, pelo menos até o momento. Não há nenhuma informação técnica ou científica que tornem elas um risco maior que a própria Covid-19. Nenhuma!

Assim, devemos divulgar responsavelmente a segurança e eficácia das vacinas com acompanhamento das possíveis e naturais reações adversas que elas possam apresentar, continuar estudando para entender melhor a Covid-19, repudiar qualquer fake news sobre as vacinas e defender a universalização de sua disponibilidade para que todos no mundo possam ter acesso, pois se fizermos a nossa parte, tomando a vacina, logo estaremos mais seguros para continuar a desfrutar o mais belo de nossas vidas: VIVER.

*Prof. Dr. Lucindo Quintans-Júnior. Farmacêutico e Professor Titular no Departamento de Fisiologia da UFS, docente dos Programas de Doutorado em Ciências da Saúde e Ciências Farmacêuticas. Membro da equipe do Projeto EpiSERGIPE.

*Prof. Dr. Paulo Martins-Filho. Epidemiologista e Professor Associado do Departamento de Educação em Saúde (Campus Lagarto). Coordenador do Laboratório de Patologia Investigativa. Professor dos Programas de Doutorado em Ciências da Saúde e Odontologia. Membro da equipe do Projeto EpiSERGIPE.

*Prof. Dr. Diego Tanajura. Biomédico e Professor Associado do Departamento de Educação em Saúde (Campus Lagarto). Coordenador do projeto @Imuno_News.

*Prof. Dr. Adriano Antunes de Sousa Araújo. Farmacêutico e Professor Associado do Departamento de Farmácia da UFS. Docente dos Programas de Doutorado em Ciências da Saúde e Ciências Farmacêuticas. Coordenador Geral do Projeto EpiSERGIPE

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