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Livro sobre os indígenas Kiriris é publicado pela Editora Oficial

Livro de Ane Mecenas é fruto de 16 anos de pesquisa

Os índios Kiriris estão presentes na nova publicação da Editora Diário Oficial de Sergipe – Edise, ‘O Trato da Perpétua Tormenta: a conversão Kiriri nos sertões de dentro da América Portuguesa’, da sergipana e pesquisadora Ane Mecenas. O livro trata da conversão dos indígenas Kiriri a partir de missões jesuíticas no “sertão”, localizadas numa configuração geográfica atualmente entre os estados da Bahia e de Sergipe, às margens do rio São Francisco, e do processo de tradução cultural evidenciado pelos esforços do padre jesuíta italiano Luigi Vicenzo Mamiani dela Rovere, que, em duas de suas obras publicadas ‘Arte de Gramática da Lingua Basílica da Naçam Kiriri’ (1698) e ‘Catecismo da Doutrina Christãa em Lingua Basilica da Naçam Kiriri’ (1699), buscou normatizar a língua desse grupo indígena.

Na apresentação da publicação, Mauro Dillmann, da Universidade Federal de Pelotas (RS), chama a atenção para o conjunto documental mobilizado pela autora do livro, que é vasto e proveniente de diversos arquivos no Brasil e em Portugal, indo muito além das obras do padre Mamiani dela Rovere. “Está presente no livro fontes manuscritas, como instruções, projetos, cartas, alvarás, regimentos, e fontes impressas, como inúmeras publicações jesuítas, legislação portuguesa, constituições sinodais e dicionários da época”, destaca.

Ane Mecenas compartilha a investigação que realizou para a obtenção de seu doutoramento em História, na qual buscou identificar e analisar as semelhanças e as diferenças existentes entre as estratégias adotadas primeiramente no litoral (século XVI) e, posteriormente, no sertão (século XVII). Nela, ela visou, ainda, apontar para a conformação, neste espaço, de um modelo de normatização linguística distinto daquele adotado na costa brasileira, a partir da análise de dois instrumentos de catequese escritos pelo padre jesuíta Luigi Mamiani.

Importância histórica

Para o presidente da Empresa de Serviços de Sergipe – Segrase, Francisco de Assis Dantas, a obra é de grande importância histórica. “Toda a sociedade sergipana ganha com esta publicação, ela apresenta informações que contribuem com a nossa história, uma colaboração de valor inestimável”.

A tese, agora divulgada sob a forma de livro, conta com três capítulos. O primeiro Ane Mecenas fez uma análise criteriosa de um conjunto variado de fontes, além de ter feito um qualificado diálogo que estabelece com uma bibliografia clássica e recente sobre as temáticas abordadas na tese. No segundo capítulo encontramos a discussão das obras escritas por Mamiani, enfocando o mundo do papel, o mundo do autor e o mundo da recepção. No último capítulo a autora se propõe a analisar as duas obras do padre Mamiani, considerado as representações de medo, doença, morte, pecado, vício e virtude nelas presentes, cortejando-as com o catecismo capuchinho do padre Bernardino de Nantes, escrito para atender aos objetivos de conversão dos índios Kiriri, bem como as Cartas dos Provinciais da Companhia de Jesus.

Essa é a segunda obra publicada por Ane Mecenas na Edise, na primeira, sua dissertação de mestrado ‘Conquistas da fé na Gentilidade Brasílica’, ela analisou a catequese jesuítica na aldeia do Geru. “Na construção do trabalho percebi as conexões entre as aldeias Kiriri administradas pelos padres da Companhia de Jesus e assim pude compreender melhor o processo de conversão”, explica. Sobre trabalhar com a Edise novamente, ela relata que sempre admirou a Editora.  “A Edise tem um importante papel na divulgação das obras produzidas em nosso estado e por isso fico muito honrada em poder ter duas obras publicadas pela editora”.

Pesquisa de 16 anos

Sobre no futuro lançar uma nova obra sobre os indígenas Kiriris, Ane Mecenas responde que a tese encerra uma trajetória da minha vida como pesquisadora, “claro que a experiência adquirida no processo influenciará os novos rumos, mas creio que ‘O Trato da Perpétua Tormenta’ marca a conclusão de uma pesquisa que fez parte da minha vida por 16 anos”. Devido a pandemia o livro não terá um lançamento específico, mas a autora irá divulgá-lo em eventos que ocorram em 2021.

Fonte e foto: Ascom/Edise

 

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