O deputado estadual Georgeo Passos (Cidadania) se disse estarrecido com o silêncio do governo de Sergipe em torno das denúncias de irregularidades que estariam ocorrendo na Fundação Renascer, responsável por abrigar adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. “O governador poderia, de uma vez por todas, acabar com tudo isso, mas tem preferido o silêncio, o que me leva a perguntar: Belivaldo Chagas, quem cala consente?”. O parlamentar se refere às denúncias de que aquele órgão público é de fato, comandado pela empresa Ankora, uma prestadora de serviços acusada por uma série de irregularidades supostamente ali praticadas.
Segundo o deputado, o governador já foi alertado pela imprensa e pelo sindicato dos trabalhadores do sistema socioeducativo de que algo não vai bem na Fundação. “E isso não é de hoje. A Renascer tem um histórico grande de desmandos, coisa que Sergipe todo sabe”. Georgeo Passos afirmou que as denúncias atuais sobre desmandos naquela entidade “demonstram como determinados setores do governo são protegidos, como não há uma fiscalização. Até parece que os gestores da Fundação perderam qualquer temor de uma penalização”, lamenta o cidadanista.
Georgeo Passos lembra que o Ministério Público Estadual já foi acionado algumas vezes para investigar as denúncias de irregularidades naquela Fundação e indaga aonde estão os órgãos de controle, “como o Tribunal de Contas e a própria Assembleia? É preciso dar uma resposta à sociedade”, frisa. De acordo com o deputado, “é inadmissível tanto descaso com o dinheiro público, sem que seja adotada qualquer providência. Georgeo promete pedir, com base na Lei de Acesso à Informação, dados detalhados sobre os pagamentos feitos nos últimos dois anos pela Fundação à empresa Ankora, acusada de praticamente “administrar” a Renascer.
Protegido de deputado
Entre as denúncias publicadas no portal de notícias Faxaju pelo jornalista por Habacuque Villacorte está uma contra o assessor jurídico da Fundação, “que se diz ser da confiança irrestrita do deputado federal Laércio Oliveira (PP), e que domina os pareceres da (s) procuradora (s) do órgão; elas, inclusive, chegaram a ser advertidas pelos ex-diretor sobre os indícios de irregularidades”. Também consta entre as acusações “o pagamento por uma jornada semanal de 44 horas, quando os funcionários só trabalham 30 horas por semana. Há ainda o pagamento do auxílio alimentação a quem só trabalha um turno por dia na instituição”.
Em recente publicação no portal de notícias Faxaju, Habacuque Villacorte revela ter montado um “organograma da Fundação Renascer e da empresa Ankora: o que se percebe é uma relação bastante questionável entre ambas. É quase um grande Programa Bolsa Família, pois o quadro de pessoal da Renascer é composto por parentes e amigos do ‘rei’, um monte de gente bem apadrinhada.”
Governo não abre o bico
E o jornalista cita nomes: “A chefe do gabinete da Fundação, Rosângela Hermes, tem um cargo comissionado; a sua irmã (Regila) atua na empresa Ankora; Naiara Barros Mangueira também trabalha na empresa Ankora; Dona Ana (tia da chefe do gabinete) trabalha na empresa R&M; Gildeon (genro de Rosângela) também é da empresa Ankora”, e por aí vai. Procurado pelo site Destaquenotícias, o governo de Sergipe prometeu se posicionar, porém, uma semana após o primeiro contato, ainda não deu um pio sequer sobre o assunto.