Impactada pela alta dos custos ao produtor e pela exportação crescente, a carne bovina não vai voltar aos preços do início de 2020. A avaliação é da economista Patrícia Lino Costa, do Dieese. Em janeiro, a carne de boi de primeira subiu em média 1,55% nas 17 capitais em que o Dieese faz a pesquisa da cesta básica.
Responsável por esse levantamento do Dieese, Patrícia diz que há falta de uma política pública para o produto. “É um alimento importante para os brasileiros, com maior peso no orçamento das famílias, que estão tendo que se virar para substituir por algo que caiba dentro do orçamento”, afirmou.
A julgar pelos resultados do IPCA de janeiro passado, essa substituição também encontra dificuldades. O grupo de aves e ovos subiu 0,69% no mês passado. Carnes e peixes industrializados tiveram alta ainda maior: 1,01%.
Para a economista, as exportações em alta levam a setores da sociedade dizendo que é bom para o Brasil e para o agronegócio. Mas, por outro, esse constante aumento de preços da carne – e de outros produtos alimentícios – vai fazer a população, “num momento de redução de emprego e renda, pagar mais pelo básico”.
IPCA de janeiro
Índice oficial de inflação do país, o IPCA ficou em 0,25% em janeiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado de 12 meses, a inflação brasileira acumula 4,56%. Nos 12 meses anteriores, o índice estava em 4,52%. Em janeiro de 2020, o IPCA tinha sido de 0,21%.
Como nos meses anteriores, o grupo Alimentação e Bebidas foi o que registrou a maior alta de preços entre os pesquisados pelo IBGE: 1,02%. Embora o IBGE tenha destacado que a variação ficou abaixo da de dezembro, 1,74%, o fato é que mais uma vez os brasileiros sentiram no bolso a alta de itens básicos.
Os destaques nesse grupo em janeiro ficaram para cebola (17,58%), batata (10,84%) e tomate (4,89%). O óleo de soja, que subiu 103,79% em 2020, teve leve recuo em janeiro: -1,08%, segundo o IBGE. Essas altas dos preços dos produtos in natura se devem especialmente a fatores climáticos e de safra, diz Patrícia, do Dieese. “A gente sabe que eles oscilam, o preço sobe e depois volta, às vezes maior do que antes, mas não chega a ser problema”, afirmou.
Fonte: Revista Fórum