A decisão do governo estadual de vender até 45% das ações ordinárias e 40% das ações preferenciais que detém no Banese pode empurrar o banco estatal direto para a privatização. Quem pensa assim é o economista Antônio Gois, o “Goisinho”, ex-conselheiro eleito daquela instituição bancária. Ele cita estudo produzido em 2019, alertando que “a venda de ações do Estado, limita a capacidade do Banese fazer emissão primária, pois colocaria a situação de controle em risco de diluição excessiva”.
Atual conselheiro do Instituto Banese de Seguridade Social (Sergus), Antônio Gois garante que, levando em conta a cotação das ações, de R$ 42,06 a ordinária e R$ 25,54 a preferencial, deve ser apurado com a anunciada venda algo em torno de R$ 202 milhões: “O que o governo fará com essa receita, que sequer paga uma folha dos servidores?”, indaga Goisinho, para quem essa transação vai colocar em risco o controle acionário do Estado sobre o Banese.
O conselheiro do Sergus explica, ainda, que “das ações restantes, o Estado ficará de posse de 51,8% das ordinárias e 53% das preferenciais. Quando da exigência legal de aumento de capital, o Executivo sergipano “terá obrigatoriamente de adquirir, no mínimo, o mesmo percentual das ordinárias. Caso esse aporte não seja possível, o Estado perde o controle acionário, e assim sendo, é o golpe final da privatização”, alerta Goisinho.
Fato relevante
Na semana passada, o Banese divulgou um Fato Relevante anunciando ter recebido do governo estadual um ofício “reiterando a intenção de alienar até 45% das ações ordinárias e 40% das ações preferenciais de sua titularidade e de emissão da Companhia, excedentes ao controle, por meio de uma oferta de distribuição secundária de ações (operação)”. O banco revelou também que o governo “comunicou, ainda, na mesma correspondência, que contratou o BB – Banco de Investimentos S.A. para formatar a operação”.
Assinado por Alessio de Oliveira Rezende, diretor de Finanças, Controles e Relações com Investidores do Banese, o Fato Relevante prossegue informando que “a Companhia disponibilizará as informações e documentos necessários para a viabilização da operação, nos termos da lei e das instruções aplicáveis. O Banese manterá seus acionistas e o mercado informados sobre quaisquer novos fatos atinentes à matéria em questão”.
Em matéria publicada sobre o Fato Relevante, o jornal Valor Econômico informa que “a intenção do governo de vender essas ações do Banese, mantendo o controle, foi anunciada pela primeira vez em agosto de 2019. As ações do banco têm liquidez baixíssima na bolsa. Em um ano, o papel PN acumula queda de 18,70%”.
Sem risco
Em 2019, quando o governo anunciou o desejo de vender as ações que possui no Banese, o deputado estadual Luciano Pimentel (PSC), que já foi superintendente da Caixa Econômica em Sergipe, tranquilizou o mercado: “Entendo que a venda de ações, por si só, não caracteriza a privatização da instituição. O próprio governador Belivaldo Chagas tem sido incisivo ao afirmar que o controle acionário majoritário continuará nas mãos do governo estadual e não há intenção de transferir esse controle para iniciativa privada”, frisou. Segundo o parlamentar, a medida é uma alternativa que visa aumentar o capital e favorecer o crescimento do Banese.
Por Destaquenotícias