O preço negociado pela Petrobras para a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) ao fundo Mubadala Capital, que está sendo concluído agora, é cerca de 50% inferior ao seu valor em comparação com os cálculos estimados pelo estudo do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep). De acordo com os parâmetros utilizados, a refinaria, localizada na Bahia está avaliada, ao câmbio atual, entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões, quando o valor negociado pela estatal com o potencial comprador foi de US$ 1,65 bilhão.
“Os dados revelam que a RLAM tem um potencial importante de geração de caixa futura que, a depender das premissas utilizadas, pode estar sendo subvalorizada nesse momento de venda”, afirma o coordenador técnico do Ineep, Rodrigo Leão.
Para realizar o valor da RLAM, o Ineep utilizou o método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD), que se baseia no valor presente dos fluxos de caixa, projetando-os para futuro. Do resultado, são descontadas: taxa que reflete o risco do negócio, das despesas de capital (investimento em capital fixo) e necessidade adicionais de giro.
Este fluxo de caixa é calculado tanto para a empresa como para o acionista. “Trata-se de um modelo de cálculo que apresenta o maior rigor técnico e conceitual, sendo, por isso, o mais indicado e adotado na avaliação de empresas”, informa Leão.
O estudo se baseia em três cenários e chega a valores de: US$ 3,12 bilhões; US$ 3,52 bilhões e US$ 3,92 bilhões. No entanto, como a Petrobras não apresenta valores “isolados” de cada refinaria, para estimar as receitas e despesas da RLAM, o Ineep fez um “rateio” dos dados disponibilizados pela empresa.
Petrobras
A Petrobras informou na segunda-feira, dia 8, que concluiu a rodada final da fase vinculante do processo de venda da Refinaria Landulpho Alves e seus ativos logísticos associados, na Bahia. O Mubadala Capital apresentou a melhor oferta final, no valor de US$ 1,65 bilhão. A assinatura do contrato de compra e venda ainda está sujeita à aprovação dos órgãos competentes.
A Petrobras recebeu também propostas vinculantes para venda da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR), no Paraná, mas decidiu pelo encerramento do processo, uma vez que as condições das propostas apresentadas ficaram aquém da avaliação econômico-financeira da Petrobras. Assim, a companhia iniciará tempestivamente novo processo competitivo para essa refinaria.
Localizada no município de Candeias, no Recôncavo Baiano, a Refinaria Landulpho Alves foi a primeira refinaria nacional de petróleo. Sua criação, em setembro de 1950, foi impulsionada pela descoberta do petróleo na Bahia e pelo sonho de uma nação independente em energia. Sua operação possibilitou o desenvolvimento do primeiro complexo petroquímico planejado do país e maior complexo industrial do Hemisfério Sul, o Polo Petroquímico de Camaçari.
Nela são refinados, diariamente, 31 tipos de produtos, das mais diversas formas. Além dos conhecidos GLP, gasolina, diesel e lubrificantes, a refinaria é a única produtora nacional de food grade, uma parafina de teor alimentício utilizada para fabricação de chocolates, chicletes, entre outros, e de n-parafinas, derivado utilizado como matéria-prima na produção de detergentes biodegradáveis.
Com informações do Ineep e da Petrobras (Foto: Correio da Bahia)