As medidas de auxílio a empresas chegaram ao fim, mas a pandemia, não. Após meses de baixa na inadimplência como resultado de acesso a crédito e diferimento de impostos, as empresas começam a receber a fatura da crise em um ambiente econômico ainda afetado pelo coronavírus.
A expectativa dos economistas é que as dívidas em atraso ou débitos em aberto cresçam mais entre micro e pequenas empresas, principalmente nos segmentos de comércio e serviços, que dependem mais da movimentação de pessoas.
“A conta começa a bater na porta das empresas e muitas não estarão preparadas para assumir a dívida, porque serviços e comércio ainda estão se recuperando. O problema é que não tem nenhum programa de crédito ativo, e as incertezas daqui para frente causarão temor e devem diminuir a oferta de crédito nos bancos. Com isso, o empresário perde capacidade de pagamento”, afirma Guilherme Reche, analista do Sebrae.
Auxílio emergencial
A taxa de inadimplência geral, considerando todos os portes de empresas, passou de 3% em 2019 para 2,3% no ano passado. Segundo Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian, a inadimplência caiu de forma geral durante a pandemia, inclusive para pessoas físicas. Isso aconteceu em razão de medidas como o pagamento do auxílio emergencial, criado para ajudar os informais a atravessarem a crise, a taxa básica de juros na mínima histórica e outras medidas de estímulo. Agora, porém, a expectativa é de alta.
“Tudo aquilo que ajudou a reduzir a inadimplência no ano passado vai ser descontinuado e é provável que ela volte a subir”, diz o economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores. Ele acredita que a inadimplência chegue ao dobro da registrada no ano passado e recomenda que as empresas busquem renegociar: “A lógica das empresas é a mesma de uma casa. O ideal é tentar negociar a curto prazo toda dívida que puder. Mas, se está entrando menos recursos, tem que pagar o essencial e escolher o que adiar”, concluiu.
Foto: Anselmo Guimarães/Abrasel