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Sucessão movimenta aliados de Belivaldo

Por Gilvan Manoel *

O governador Belivaldo Chagas (PSD) confirmou nesta sexta-feira que vai abrir a discussão sobre a sua sucessão, entre os aliados, a partir do mês de setembro. Isso não significa que o nome do candidato a governador do bloco seja definido imediatamente. A previsão é de que as negociações sejam lentas, em função do número de pretendentes. As convenções partidárias serão realizadas em julho do próximo ano.

Na semana passada, o ex-presidente Lula praticamente lançou a candidatura do senador Rogério Carvalho (PT) ao governo do estado, o que provocou reações de integrantes do bloco governo. O presidente da Alese, deputado Luciano Bispo (MDB), avalia que não cabe a Lula querer dizer o nome que ele quer para ser governador. “Aqui em Sergipe Lula é bem votado, mas ele não vota. Tem que dialogar com o nosso grupo todo e convencer a todos que sua indicação é a melhor opção”, afirma, esquecendo que o ex-presidente apresentou Rogério como candidato do partido e não do bloco governista.

Além de Rogério, que deverá ser candidato com ou sem o apoio de Belivaldo, os deputados federais Fábio Mitidieri (PSD) e Laércio Oliveira (PP) trabalham com o mesmo objetivo. O conselheiro do TCE Ulices Andrade e o prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) também estão no páreo, mas são discretos nas conversas.

Muitos aliados torcem o nariz para uma eventual candidatura de Mitidieri, não por falta de confiança, mas pelos seus 44 anos de idade. É considerado muito jovem para a empreitada e que poderia aguardar pleitos futuros.

Entre os conselheiros, a candidatura de Ulices é considerada certa e já foi até tema de debate em plena sessão do pleno transmitida pelos canais do TCE. Aos 65 anos, Ulices foi deputado estadual por cinco mandatos consecutivos, líder do governo, secretário de estado e presidente da Assembleia Legislativa por dois mandatos. Depois que foi nomeado conselheiro, elegeu o filho Jeferson para três mandatos seguidos na Alese, onde ocupa a primeira secretaria, cargo mais importante depois do presidente. Ulices é tido como um bom articulador, transita bem em todo o estado, tem forte influência eleitoral no sertão e baixo São Francisco e no TCE transformou o seu gabinete num instrumento de orientação a administradores, principalmente de municípios pequenos.

No caso de vir a antecipar sua saída do TCE, abre espaço para o cobiçado cargo de conselheiro, o que poderia facilitar nas acomodações. Já se fala até que a vaga poderia ser destinada a deputada Maísa Mitidieri, biomédica e advogada, irmã de Fábio.

O pernambucano Laércio Oliveira (PP) está no quarto mandato de deputado federal, é afinado com o presidente Bolsonaro e defende o setor produtivo. Foi relator do projeto que regulamentou a terceirização de mão de obra no Brasil, mesmo sendo sócio da maior empresa de terceirização de pessoal do estado de Sergipe. Aliados acreditam que mesmo dizendo que é candidato a governador, ficaria satisfeito se recebesse indicação da maioria do bloco para disputar a única vaga para o Senado Federal que estará em jogo em 2022.

O prefeito Edvaldo Nogueira enfrenta a pandemia da covid-19 e dificuldades naturais de quem acabou de ser reeleito. Há dúvidas se o eleitorado compreenderia uma eventual renúncia tendo exercido menos da metade do mandato. Em 2004, quando Marcelo Déda foi reeleito prefeito de Aracaju todo mundo já sabia que ele renunciaria em abril de 2006 para disputar o governo do estado. Na época, Déda era uma unanimidade entre todos os que eram contrários ao então governador João Alves Filho.

Hoje, a exceção do PT, o governador parece ter o controle da sua sucessão, mas isso pode mudar caso o TSE rejeite o recurso da chapa Belivaldo/Eliane Aquino (PT), cassada pelo TRE em 2019. Não há data prevista para o julgamento. Existe também a possibilidade de Belivaldo ser mordido pela mosca azul e decidir se desincompatibilizar do cargo em abril de 2022 para disputar o senado federal, como ocorreu em 2018 com Jackson Barreto. Nesse caso assumiria Eliane, que não teria legenda no PT para disputar a reeleição

A disputa majoritária em 2022 se dará no âmbito governista – a oposição é muito fraca. A eleição presidencial devera influenciar a candidatura de Rogério, não na de quem for o escolhido por Belivaldo, porque o grupo é dividido entre apoiadores de Lula e do presidente Bolsonaro.

* É editor do Jornal do Dia (Artigo publicado originalmente no Jornal do Dia)

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