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A UFS é a locomotiva da produção científica de Sergipe

Prof. Dr. Lucindo Quintans Júnior*

Em publicação recente da “Revista Pesquisa” da FAPESP que mostrou os dados das “publicações científicas por unidade da federação”, foi destacando que entre os países do grupo do BRICS, o Brasil se coloca atrás da Rússia, da China e da África do Sul, mas bem acima do índice da Índia. Nesse levantamento se observa que Sergipe é o 11º produtor de artigos científicos no Brasil, na análise comparativa por 100 mil habitantes, estando acima da média mundial e brasileira. E de onde vem essa publicação tão destacada do menor estado da federação? Segundo mapeamento das competências e tendências de pesquisa de Sergipe, realizado em maio de 2021 na Plataforma SciVal (Scopus): a Universidade Federal de Sergipe (UFS) é a locomotiva que alavanca esses números!

A UFS é a única universidade pública de Sergipe e possui cerca de 87% de todos os programas de pós-graduação (PPGs) stricto sensu e 88% dos alunos regularmente matriculados em nosso estado, possuindo, assim, um protagonismo inquestionável na produção científica e tecnológica de Sergipe. Segundo dados do MEC, a produção científica brasileira tem associação direta com sua pós-graduação. Como demonstrado na Figura 1, a Instituição é responsável por cerca de 91,07% de toda produção científica do estado, estando relacionada com 7.974 artigos publicados que podem ser acessados via a base Scopus, enquanto, que o estado todo publicou 8.755 (o período avaliado foi 1996-2020). Quando se analisa apenas o quadriênio (2017-2020), a UFS publicou 3.440 artigos de um total de 3.808 do estado de Sergipe, sendo a responsável por cerca de 90.3% dos artigos científicos. Salienta-se que dessa produção, cerca de 17%, fazem parte do percentil Top 10% do CiteScore (ou seja, nos 10% dos periódicos mais relevantes). Isso corrobora a importância e sucesso da instituição com os últimos indicadores como, por exemplo, ser a 8ª instituição do país, segundo um dos mais importantes rankings internacionais (World University Rankings 2021) publicado pelo Times Higher Education, e sendo a instituição de maior impacto do Brasil em pesquisas na produção da área de Ciências da Saúde (em 2019), segundo o relatório Research in Brazil: Funding Excellence da Clarivate Analytics.

Igualmente e de forma interessante, esse mapeamento mostrou que a produção cientifica qualificada está associada, pelo menos em parte, com outros atores do estado, tais como EMBRAPA, IFS e UNIT, reforçando que esse “ecossistema de produção qualificada” está intrinsecamente relacionado à colaboração científica entre seus pesquisadores, o consequente compartilhamento de infraestrutura e com uma espécie de “ciência sem barreiras” entre as instituições. Contudo, a UFS é a principal responsável pelo maior número e reconhecida qualidade dessa produção.

Destaca-se que a produção científica em nosso estado é dependente do forte fomento de políticas assertivas como a que buscou a redução das assimetrias e de programas estruturantes, especialmente durante o período 2008-2016, capitaneados pelo Governo Federal (através da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e do FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos) e em Sergipe, através da FAPITEC-SE –  Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe. O período de 2017-2021 está marcado por uma fortíssima retração do financiamento da ciência e da capacidade de pesquisa brasileira o que tem levado a um colapso anunciado. Essa retração dos investimentos coloca Sergipe em situação de desvantagem, com seu futuro nas áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) comprometido. Por exemplo, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) perderá 34% de sua verba anual, no ano de 2021, e se somados aos cortes dos anos recentes terá um pífio orçamento. É um retrocesso sem precedentes na questão do fomento. Assim, segundo a Agência Senado, os cortes de verbas da ciência prejudica a reação à pandemia e o desenvolvimento do país.

Sergipe tem demonstrado ser possível fazer ciência de qualidade e com baixo investimento, mas os limites orçamentários do MCTI, do MEC e do FUNTEC (Fundo Estadual para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico) é contraproducente com a capacidade de pesquisa do país e de nosso estado, colocando as Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs) em situação muito preocupante. Assim, é urgente, necessária e recomendável a mobilização de nossas bancadas federais, de forma uníssona, no sentido da retomada de políticas públicas de fomento que auxiliem nossas instituições de PD&I.

*Atualmente é Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa da UFS, Professor Titular do Departamento de Fisiologia e Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq – Nível 1B.

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: SciVal

 

 

 

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