Sergipe registrou saldo negativo de 136 postos de trabalho com carteira assinada, nos cinco primeiros meses de 2021, conforme dados do Caged. Foram 36.200 admissões diante de 36.336 desligamentos ao longo dos cinco primeiros meses do ano. Os meses de janeiro e fevereiro seguiram a tendência de saldos positivos dos últimos cinco meses do ano anterior, apresentando mais de 1.000 postos de trabalho criados no período.
“Apesar do saldo acumulado de emprego formal entre janeiro e maio de 2021 ter sido negativo, os dados indicam boa recuperação no mercado de trabalho formal dos segmentos de serviços e comércio, principalmente. Os dados da arrecadação do ICMS e das Notas Fiscais ao Consumidor reforçam essa recuperação, ainda que de forma modesta”, explica o professor de Economia da UFS, Luiz Carlos Ribeiro.
“No entanto, ao se avaliar o volume do setor de serviços em Sergipe, entre janeiro e abril de 2021, registra-se queda acumulada de -4,9%. Junto com o Distrito Federal, foi o pior resultado entre as unidades da federação”, conclui o professor, que é um dos pesquisadores do Laboratório de Economia Aplicada e Desenvolvimento Regional do Departamento de Economia da Universidade Federal de Sergipe (Leader-UFS), que divulgou nesta terça-feira, 6, o novo levantamento sobre os impactos da pandemia da covid-19 na economia sergipana nos cinco primeiros meses de 2021.
A análise, no âmbito do Projeto EpiSergipe, aborda os efeitos da situação de emergência em saúde pública por conta do novo coronavírus na geração de empregos, arrecadação de ICMS e receita de bens e serviços. Foram analisados dados mensais de emprego do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e Notas Fiscais ao Consumidor (NFCe).
O mercado de trabalho formal apresentou forte retração no mês de março de 2021, com saldo de -1.505. A partir de abril, há sinais de uma recuperação, com saldo de -111, ao passo que maio apresentou saldo positivo de 432 postos de trabalho.
A análise mostra que os segmentos de comércio e de serviços apresentaram os maiores saldos no acumulado de 2021, com 1.184 e 1.146 postos de trabalho, respectivamente. Já indústria (-2.060) e agropecuária (-720) tiveram saldo negativo no período analisado.
O resultado da indústria foi impulsionado, principalmente, pela indústria de transformação (-1.999), mais especificamente, pela fabricação e refino de açúcar (-1.450). O saldo negativo da agropecuária, por sua vez, foi puxado principalmente pelo cultivo de cana-de-açúcar (-805). O setor extrativo e de beneficiamento do açúcar foram afetados pela entressafra da cana-de-açúcar, somando 2.255 vagas perdidas.
“O impacto da pandemia sobre o emprego formal é heterogêneo entre os setores. Ao analisar a criação de postos de trabalho em 2020, serviços, construção e comércio se destacaram negativamente, enquanto no acumulado de 2021, observa-se uma mudança na dinâmica da economia. Além disso, na medida em que a indústria foi o único setor em 2020 a apresentar saldo positivo, em 2021 está acumulando queda,” ressalta o professor.
Cresce a arrecadação de ICMS
Os cinco primeiros meses de 2021 apresentam as maiores arrecadações de ICMS em relação aos mesmos meses no ano anterior. Abril e maio deste ano lideraram as arrecadações no estado, com aumentos reais de 23% e 46%, respectivamente.
O ICMS é o principal imposto estadual, por isso, de acordo com Luiz Carlos Ribeiro, também é um indicador que ajuda a entender a dinâmica da economia sergipana em meio à pandemia.
Com texto de Josafá Neto e foto de Adilson Andrade/Ascom UFS