O coronel da reserva Roberval Corrêa Leão, 65 anos, negou ao jornal Estado de São Paulo que tenha espionado a vida particular do senador Rogério Carvalho (PT): “Não, isso não aconteceu, não. Nada aconteceu, não, viu?”, disse o oficial do Exército, desligando em seguida a ligação feita pela reportagem do jornal paulista. O militar é primeiro-assessor parlamentar do 28º Batalhão de Caçadores, em Aracaju. Segundo o senador, o ministro da Defesa, general Braga Netto, mandou o coronel da reserva e um oficial da ativa espioná-lo. Carvalho disse que o episódio ocorreu na primeira semana do recesso parlamentar, depois do dia 15 de julho.
O Estadão apurou que Roberval Corrêa Leão é contemporâneo do general Braga Netto na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). Ambos são da turma de 1978 da academia. O primeiro-assessor parlamentar do 28º Batalhão de Caçadores é coronel de Cavalaria, mesma arma de Braga Netto, do vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência, Augusto Heleno. Corrêa Leão é ligado ao Comando Militar do Nordeste.
E a matéria do Estadão prossegue: “Conforme dados do Portal da Transparência, Roberval Leão recebe, atualmente, R$ 29 mil referentes à aposentadoria pelo Exército. Ele está na reserva desde 2003. Em seu perfil no Twitter, Leão compartilha conteúdo de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Há duas semanas, publicou mensagem da deputada Carla Zambelli (PSL-SP) a favor do voto impresso, bandeira do governo federal que foi rejeitada pela comissão especial que analisava a proposta na Câmara”.
“Se eu tinha processo”
Ainda conforme o Estadão, “o senador Rogério Carvalho fez para o Estadão o seguinte relato sobre a suposta espionagem contra ele: “Uma pessoa ligada a mim me chamou para me contar que recebeu uma visita de um coronel reformado, com um emissário do Braga Netto, para saber sobre minha vida, querendo saber o que eu tinha de processo, o que era que eu tinha de problemas, querendo vasculhar a minha vida. Se eu era rico, se eu não era rico”. Segundo Rogério, a tentativa de espionagem ocorreu porque ele pediu a transferência de sigilo telemático de Braga Netto com o Ministério da Saúde, durante o período em que o militar comandou a Casa Civil”.
E prossegue o jornal paulista: “O general Braga Netto nega ter mandado fazer um levantamento de informações sobre Rogério Carvalho. No mesmo dia em que teve seu nome vinculado a essas graves acusações, o ministro da Defesa ligou para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e esclareceu que não possui qualquer participação no episódio. Segundo apurou o Estadão, Braga Netto disse ao presidente do Senado que desconhecia o assunto e que este tipo de ato não é prática nem sua nem do Ministério da Defesa. Pacheco não se pronunciou sobre a acusação feita por Rogério Carvalho”.
Fonte e foto: Estadão