A alta no custo da energia elétrica e do gás de botijão foi o principal fator de pressão para que a inflação dos brasileiros mais pobres encerrasse o mês de julho quase 30% maior que a dos mais ricos, segundo dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda registrou uma aceleração da pressão inflacionária na passagem de junho para julho em todas as faixas de renda. No entanto, o aumento de custos foi maior entre as famílias mais pobres, com renda domiciliar inferior a R$ 1.650,50: a variação dos preços passou de alta de 0,62% em junho para elevação de 1,12% em julho.
Entre as famílias de renda mais alta, que recebem mais de R$ 16.509,66 mensais, a inflação saiu de 0,36% em junho para 0,88% em julho. Entre os de renda média alta, com rendimento domiciliar mensal entre R$ 8.254,83 e R$ 16.509,66, a inflação acelerou de 0,44% para 0,78% no período.
IPCA avançou em julho
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e usado pelo Ipea para fazer o cálculo da inflação por faixa de renda, encerrou o mês de julho com avanço de 0,96%, ante uma elevação de 0,53% em junho.
Em julho, a maior pressão sobre a inflação partiu dos gastos com habitação. A energia elétrica subiu 7,88%, devido ao aumento de 52% na cobrança extra sobre as contas de luz pelo acionamento da bandeira vermelha patamar 2 e ao reajuste tarifário em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.
“Adicionalmente, a manutenção da trajetória de alta do petróleo, combinada com a leve desvalorização cambial, gerou, pelo décimo quarto mês consecutivo, uma elevação no preço do gás de botijão, cuja variação de 4,17% em julho pressionou ainda mais o grupo habitação”, ressaltou a nota do Ipea.
O aumento de 3,1% nos gastos com habitação em julho respondeu por quase 70% da inflação percebida pelas famílias mais pobres, um impacto de 0,74 ponto porcentual. O encarecimento de 0,6% dos alimentos e bebidas contribuiu com mais 0,19 ponto porcentual, enquanto a alta de 1,52% nos transportes acrescentou mais 0,14 ponto porcentual.