Além da alta desenfreada de preços, muitas empresas estão reduzindo o conteúdo de seus produtos nas embalagens. Essa estratégia do varejo, conhecida no exterior como shrinkflation (ou reduflação, numa tradução livre), não é ilegal. Mas as empresas precisam informar com clareza a mudança nas embalagens. Esta informação é das jornalistas Letycia Cardoso e Raphaela Ribas, em reportagem publicada no jornal O Globo.
Pelo que as duas jornalistas apuraram, quem vai ao supermercado nota que os produtos estão mais caros, dos alimentos aos produtos de limpeza. “No entanto, a inflação nem sempre se apresenta explicitamente no preço. A redução da quantidade de unidades de um produto ou do peso nas embalagens sem alterar os preços pode deixar o consumidor com a falsa sensação de que o item não sofreu reajustes ou, até mesmo, está mais barato. Mas, na prática, o cliente está pagando mais pelo item.
Letras miúdas
Na maioria dos produtos em que há redução da quantidade tem a informação na embalagem sobre a diminuição, como manda a lei, mas também na maioria dos casos o anúncio ocorre em letras miúdas. Como aconteceu com o catchup que a estudante Lithielen Milen estava levando para casa. Ela conta que não percebeu a mudança, já que foi especificada na embalagem com letras minúsculas. “Sinto-me enganada. Da forma com que as empresas colocam a informação, passa despercebido para a maioria dos consumidores. O pior é que o preço é o mesmo”, reclama.
Na semana passada, o Ministério da Justiça assinou uma portaria que aumenta de três para seis meses o prazo durante o qual as informações sobre alterações na quantidade de itens de um produto devem permanecer na embalagem. O prazo para adequação é de 180 dias. Recentemente, o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça, abriu seis averiguações preliminares para apurar a conduta de empresas por possíveis alterações no volume de embalados sem a adequada informação aos consumidores ou proporcional redução no preço.
Fonte: Jornal O Globo