Por Antonio Samarone *
Até o alvorecer do século XX, o sal pesava na economia sergipana. Era o quarto produto de exportação, só perdendo para o açúcar, tecido de algodão e arroz pilado.
Em 1917, Sergipe exportou 35 mil kg açúcar e 15 mil kg de sal. Na época, Sergipe possuía 8 fábricas de tecidos.
O Brasão do Aracaju destaca a figura de um cata-vento e porções de sal, simbolizando o extrativismo desse minério.
D. Pedro II, em sua visita à província de Sergipe, em 1860, relatou:
“Santo Antônio do Aracaju, antiga povoação do Aracaju, num alto a ¼ de légua, donde se goza de boa vista, vendo-se tabuleiros de salinas, que é gênero de bastante comércio neste rio”.
No final do século XIX, José Rodrigues Bastos Coelho era o proprietário das salinas na periferia do Aracaju (Bugiu, Getimana e Taiçoca). Bastos Coelho foi o criador da Bandeira de Sergipe:
“O industrial necessitava de um símbolo que identificasse de que estado procediam suas embarcações, que levavam sal e outros produtos para Pernambuco e Bahia, e elaborou uma bandeira para este fim. Toda a frota de José Rodrigues Bastos Coelho possuía a bandeira hasteada em seu mastro.”
Em 19 de outubro de 1920, a bandeira de Bastos Coelho foi adotada como bandeira oficial do estado de Sergipe, no Governo de Pereira Lobo.
Em 1916, o farmacêutico Tancredo Campos, aborreceu-se de fazer pílulas e vender sal amargo, resolveu tornar-se salineiro. Comprou o Porto d’Anta, sítio a cinco quilometro ao norte da cidade, na confluência do Rio do Sal com o Rio Sergipe. – Edilberto Campos.
Mário Cabral escreveu que no município de Aracaju, em 1948, existiam cinquenta salinas, produzindo duzentos mil sacos de 60 kg. Era muito sal.
“É bonito, ao entardecer, o espetáculo dos grandes armazéns, dos carregadores, dos tanques e das marinas, das gigantescas pirâmides de sal, cintilando, ao sol, como brilhantes alvadios engastados no aro escuro das bancas sem fim”. – Mário Cabral.
O sal grosso do Aracaju era famoso, pela riqueza dos micronutrientes (iodo, magnésio, cálcio e potássio).
O sal refinado dos supermercados é branquinho e pobre em nutrientes, ficou reduzido ao cloreto de sódio. Até o iodo é acrescido artificialmente.
O sal refinado passou a ser um vilão para a saúde. Segundo a OMS, o seu consumo diário não deve ultrapassar a 5 gramas, uma colherzinha de chá.
* É médico sanitarista