A Petrobras pretende aumentar o valor do preço do gás natural entre duas a quatro vezes em 2022. Isso deve provocar um forte impacto no consumidor final e foi denunciado nesta quarta-feira (10) pela Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás). A Federação Única de Petroleiros (FUP) criticou o possível aumento e denunciou que a Petrobras estaria reinjetando gás natural nas reservas subterrâneas justamente para fazer os preços subirem.
Segundo informações da Abegás ao Valor Econômico, contratos da Petrobras com fornecedores trazem valores de duas a quatro vezes o que foi negociado em 2021, mesmo com a abertura de mercado para 2022. A entidade pretende entrar com processo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a petroleira.
O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, criticou o possível aumento em entrevista à Fórum e destacou que ele também tem relação com a política de preços adotada pela diretoria da Petrobras que tem sido o principal fator para a inflação no Brasil.
A política de preço de paridade de importação (PPI) praticada pela Petrobras é muito criticada pelos petroleiros. Os trabalhadores da estatal apontam que ela tem como principal objetivo garantir lucros aos acionistas. “Com o aumento do preço do barril de petróleo ,valorização do dólar e aumento dos custos de importação, vai haver aumento de todos os derivados, inclusive do gás natural”, declarou.
Além disso, o dirigente petroleiro destacou que a direção da Petrobras decidiu reinjetar nas reservas subterrâneas cerca de 50% do gás natural produzido, o que aumenta os preços. “Apesar da alta produção e produtividade do petróleo e gás natural no pré-sal brasileiro, há a decisão deliberada da atual gestão da Petrobrás de reinjetar o gás”, apontou Bacelar.
“Esse gás, ao invés de reinjetado, poderia estar sendo ofertado ao mercado nacional, a menor preço. Ao reinjetar, reduz oferta e comercializa gás com base no PPI. Isso mostra que a direção da Petrobrás prefere remunerar acionistas, principalmente internacionais, em detrimento do mercado interno, do consumidor brasileiro e das indústrias, que usam gás natural em seu processo de produção”, sustentou o dirigente petroleiro.
Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/subseção FUP) apontam que, nos últimos cinco anos, o PPI promoveu aumentos muito acima da inflação na gasolina (39% acima), no botijão do gás de cozinha (47% acima) e no diesel (alta de 32%).
Fonte: Revista Forum