Por Gilvan Manoel *
Pesquisa do instituto Genial/Quaest realizada entre 3 e 6 de novembro em todos os estados brasileiros, divulgada no final de semana passado, fez uma avaliação da popularidade do governo Jair Bolsonaro em todos os estados brasileiros. Em alguns estados do Nordeste, a exemplo da Bahia, a administração federal é reprovada por mais de 60%. Em Sergipe, a reprovação também é elevada: 55% da população, contra 30% que consideram sua gestão regular; a aprovação é de apenas 15%.
Isso não quer dizer, no entanto, que Bolsonaro não venha a ter palanque no estado nas eleições de 2022. O deputado federal Laércio Oliveira (PP), o bolsonarista mais emplumado em Sergipe, trabalha para ser candidato a governador, desde que tenha o apoio do governador Belivaldo Chagas (PSD), que não se entusiasma com o seu nome. O candidato dos governistas deve sair mesmo entre o prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) e o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD). O conselheiro do TCE Ulices Andrade, nome sempre lembrado, está afastado de eleições há mais de 10 anos, apesar de exercer influência suficiente para manter o mandato do seu filho Jeferson na Assembleia Legislativa.
Nas eleições presidenciais de 2018, Bolsonaro perdeu nos dois turnos para o candidato do PT, Fernando Haddad. No primeiro turno, Haddad obteve 50,09% (571.234 votos) contra 27,21% (310.310 votos) de Bolsonaro; no segundo a diferença aumentou ainda mais: Haddad conquistou 67,54% (759.061 votos) contra 32,46% (364.860 votos) de Bolsonaro. Em Aracaju, no primeiro turno, Bolsonaro venceu com 155.892 votos (52,76%) enquanto Fernando Haddad (PT) obteve 85.326 votos (28,42%). O resultado se inverteu no segundo turno, quando Haddad recebeu o apoio de partidários de todos os demais candidatos de centro-esquerda – Haddad 155.892 votos (52,76%) e Bolsonaro 139.603 (47,24%). Em 2022, com a provável candidatura do ex-presidente Lula, a diferença tende a aumentar.
Enquanto Bolsonaro estiver no poder, no entanto, terá o apoio da classe política sergipana, que sempre puxou o saco do presidente de plantão, desde os generais da ditadura, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique, Lula, Dilma e até Temer. Senador biônico na época da ditadura, Lourival Baptista costumava levar potes de sorvete da Cinelândia e queijadas de São Cristóvão para ministros e generais. Semana passada, o deputado federal Laércio Oliveira (PP) divulgou foto entregando uma sacola de amendoim cozido a ministra da Família, Damares Alves.
Hoje pode até não ter queijada e sorvete, mas Bolsonaro é paparicado pela bancada sergipana no Congresso com votos a favor de uma pauta contra o trabalhador, a exceção do senador Rogério Carvalho (PT) e o deputado João Daniel (PT), e agora do senador Alessandro Vieira (Cidadania), mesmo tendo sido eleito com o voto bolsonarista. Fábio Henrique (PDT) votou a favor da PEC do calote em primeiro turno, e acabou revendo o voto em segundo turno por pressão do partido.
Mitidieri alterna votos contra e a favor do governo. Laércio Oliveira, Valdevan 90 (PSC), Fábio Reis (MDB) e Gustinho Ribeiro disputam para ver quem é o mais ligado ao presidente. A senadora Maria do Carmo (DEM) está sempre ao lado do governo, quem quer que seja. Na Assembleia Legislativa ocorre algo semelhante, e hoje, dos 24 deputados apenas os petistas Francisco Gualberto e Iran Barbosa se posicionam contra o presidente e foram os únicos a votar contra a concessão do título de cidadão sergipano.
A eleição estadual do próximo ano deverá ter dois candidatos competitivos: o senador Rogério Carvalho (PT) e o escolhido por Belivaldo. O senador Alessandro garante que o Cidadania apresentará um bom candidato, mas ele mesmo retirou o seu nome quando lançou a candidatura a presidente – hoje namora com o ex-juiz Sérgio Moro. O palanque mais forte em Sergipe será o de Lula, que também fortalece a candidatura de Rogério.
Os bolsonaristas em Sergipe terão papel secundário em 2022.
* É editor do Jornal do Dia (artigo publicado originalmente no Jornal do Dia – edição de final de semana)