Por Adiberto de Souza *
Ao votar contra a orientação de seu partido no escandaloso projeto pela manutenção do orçamento secreto do Congresso, o senador Rogério Carvalho (PT) imitou o ex-senador Albano Franco (PSDB). Em 1987, o tucano – à época também presidente da poderosa Confederação Nacional da Indústria – provocou a ira dos empresários ao votar sim pela manutenção do monopólio na distribuição dos derivados de petróleo. Diante da grande repercussão negativa ao seu posicionamento, considerado “xiita” pelos conservadores, Albano disse simplesmente que na hora de votar apertou a tecla errada. A única diferença entre o ex-senador e o petista é que este votou consciente a favor do escabroso escurinho do orçamento, sob a alegação de que, em tese, é contra tal expediente. Quer dizer, teoricamente Rogério Carvalho não concorda que os bilhões do orçamento sejam mantidos à sete chaves. Na prática, porém, vota para que o contribuinte não fique sabendo o que os políticos estão fazendo com o nosso rico dinheirinho. Com explicação tão estapafúrdia como essa do petista, só resta imitar a amiga jornalista Thaís Bezerra e pedir “meus sais aromáticos, por favor”. Respeite o povo, senador!
Direito ruim
Pelo visto, o governo de Sergipe não conseguirá que o Supremo Tribunal Federal proíba o Tribunal de Justiça de exigir o passaporte vacinal a quem deseja acessar suas dependências. Ontem mesmo, o Supremo barrou o advogado Frederick Wassef, justo porque o defensor da família Bolsonaro não apresentou o comprovante de vacinação. É que a Corte superior baixou resolução, igualzinha à do TJ, exigindo passaporte de vacina a todos que batem à sua porta. Só os negacionistas são contra essa exigência! Aqui pra nós, quer apostar uma mariola de goiaba como o Supremo vai dizer não à estranha reclamação impetrada pelo governo Belivaldo Chagas contra o Judiciário sergipano? Crendeuspai!
Olho da rua
E para reduzir a enorme crise financeira da administração municipal, o prefeito de Propriá, Valberto Lima (MDB), tem recorrido às demissões. Desde que assumiu, o emedebista já colocou no olho da rua cerca de 400 comissionados e trabalhadores contratados. Como a penúria continua na Prefeitura, ele promete demitir mais gente. Entrevistado pela rádio Fan/FM, Valberto reconheceu que o seu ato tem gerado muito desconforto para as famílias dos demitidos, mas afirmou que a condição de gestor lhe impõe a responsabilidade de assumir o limite definido por lei. Então, tá!
Crimes versus covid
Ultimamente em Sergipe, mata-se mais a tiros do que se morre de coronavírus. Para se ter uma ideia, de domingo até ontem, não foi registrado no estado nenhum óbito por convid-19, enquanto a violência tirou as vidas de quatro homens, todos abatidos a tiros. Ademais, neste curto período, há muito mais vítimas da violência urbana internadas nos hospitais, do que as infectadas pela pandemia. Torçamos para que se mate menos a tiros e que a pandemia esteja indo embora. Oremos!
Querido no ninho
A padre José Lima Santana, da Paróquia Santa Dulce dos Pobres, em Aracaju, é por demais querido no Ninho do Urubu. Quer um exemplo? O Flamengo lhe mandou um ofício informando que ele foi incluído em duas das chapas inscritas para as eleições que o Mengão fará este mês. Verificou-se que o religioso sergipano foi colocado nas chapas “Flamengo sem Fronteira” e “Unificada”. No ofício, a direção do clube pergunta a padre Zé Lima em qual das duas ele deseja concorrer. Aff Maria!
Com 6 a 1 na cabeça
O governador Belivaldo Chagas (PSD) tem evitado falar sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal de anular a cassação de seu mandato, mas não tira da cabeça o resultado da votação: 6 x 1. O homem mandou fazer um boné branco com o placar da votação bem visível na testa. É assim que ele vem circulando pelo estado. O governador não esconde que está mais leve e, graças ao boné branco, também está com a cabeça muito mais fria. Sem contar que protegeu a vasta cabeleira do sol causticante. Marminino!
Compra proibida
Atenção senhores pré-candidatos: a legislação proíbe a compra de apoio ou de liderança política. Tal atitude configura, em tese, o crime de corrupção eleitoral. Segundo a lei, essa prática importa em abuso de poder econômico ou político por parte do candidato, que pode ter seu registro cassado. Além disso, tanto o comprador quanto o líder político que se vendeu serão considerados inelegíveis pelo prazo de oito anos, a contar da eleição em que o crime ocorreu. Bem feito!
Difamação condenada
Os internautas Jeanilson de Oliveira Silva e Wellinson de Oliveira Santos foram condenados por difamarem o ex-deputado federal Sérgio Reis (MDB). A Justiça entendeu que os dois cometeram crime de calúnia e difamação ao propagarem mentiras no WhatsApp contra o emedebista. Os ataques virtuais ocorreram quando Sérgio se lançou candidato a prefeito de Lagarto. O distinto desistiu depois em favor do irmão e deputado federal Fábio Reis. Pelos crimes praticados, Jeanilson e Wellinson foram condenados, cada um, a indenizar a vítima em R$ 2,5 mil. Misericórdia!
Costura demorada
Muita água ainda passará debaixo da ponte antes que governo e oposição definam suas chapas majoritárias para as eleições de 2022 em Sergipe. Neste cenário de incertezas, fica difícil arriscar um palpite sobre as chapas que se enfrentarão em outubro do próximo ano, e quais as chances de vitória de ambos os lados. Diante de tanto disse-me-disse, qualquer prognóstico feito agora não passa de um tiro no escuro. O melhor mesmo é aguardar a hora de a onça beber água. Home vôte!
Chave do cofre
E o deputado estadual Rodrigo Valadares (PTB) é o novo tesoureiro do partido. Eleita ontem, a nova diretoria nacional da legenda tem como presidente de honra o presidiário Roberto Jefferson. Para quem não lembra, Jefferson foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Satisfeito com o novo posto dentro do partido, Rodrigo Valadares gradeceu a confiança depositada nele pela direção nacional do PTB. Ah, bom!
Bote fé
Tá quebrado na solda e sem crédito na praça para fazer um novo pendura? Pois arrisque uma fezinha na Mega-Sena desta quarta-feira. Caso acerte sozinho as seis dezenas, coisa fácil até demais, você bota no bolso a bagatela de R$ 12 milhões. Tudo bem que não é lá muita grana, mas já lhe ajuda a pagar parte das dívidas e comprar umas cachaças para encher a caveira no Natal. Arre égua!
Recorte de jornal
Publicado no jornal aracajuano A Cruzada, em 27 de abril de 1952.
* É editor do Portal Destaquenotícias