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A culinária de São Cristóvão está sendo estudada

As queijadas são tradicionais em São Cristóvão

Dentre as diversas peculiaridades da cultura sancristovense, a culinária é uma das que mais se destacam, fornecendo pratos próprios da comunidade e fortalecendo a identidade gastronômica local. Devido a isso, a turismóloga Luara Lázaro em parceria com a Fundação Municipal de Cultura e Turismo João Bebe Água (Fumctur), está desenvolvendo um levantamento sobre a culinária da Cidade Mãe de Sergipe.

De acordo com o coordenador de Turismo da Fumctur, Kaio Rocha, esse levantamento possui o objetivo de identificar a identidade culinária de São Cristóvão. “Queremos detectar o que tem aqui que não há em outros lugares para que a partir disso, possamos criar políticas públicas para atender essa demanda, já que o turismo gastronômico é um campo forte”, declara.

Segundo a mestranda em gestão de Turismo pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS), Luara Lázaro, o estudo inicialmente buscava analisar a viabilidade e os benefícios que o selo de indicação geográfica poderia proporcionar para São Cristóvão ao ser concedido para as queijadas. Ao longo do projeto, foi constatada a presença de outros alimentos e bebidas próprios da cidade, por isso, houve a necessidade de ampliar o estudo sobre a culinária sancristovense, quem os produz e como se dá a oferta turística destes.

Características

Os pratos advindos da maré são os mais recorrentes em São Cristóvão

O estudo que está em processo de execução, apresentou alguns resultados iniciais, como por exemplo, a presença de pratos advindos da maré como os mais recorrentes: tainha, sardinha, catana, sururu, ostra, aratu, entre outros. Em conversas com residentes sancristovenses, foi notado que as comidas mais comuns na alimentação habitual são os peixes e mariscos, preparados de diferentes formas, principalmente no coco e na palha, de modo que o peixe assado, as moquecas, catado de aratu, junto à galinha de capoeira, são os pratos que mais representam a culinária cotidiana de São Cristóvão.

Outro destaque da Cidade Mãe no levantamento é a grande contribuição do ciclo de açúcar na culinária local, sendo observado em evidência os doces e cachaças no município. Para a turismóloga Luara Lázaro, a relação dos produtores com os alimentos também possui sua importância, visto que são esses que manifestam os sentidos dados pelos produtores ao patrimônio alimentar da cidade. “Esses são, prioritariamente, compostos por mulheres que tem na produção e comercialização de alimentos sua fonte exclusiva ou complementar de rendimentos, além de construírem com a culinária uma relação que vai muito além da subsistência, perpassando pelo empoderamento e resistência”, declara a mestranda em Turismo.

Saber e fazer

O coordenador da Fumctur ainda lembra que além da comida, o saber e fazer é de suma importância, pois é ele que o separa de outras culinárias ao redor de Sergipe e do Brasil. “Nossas queijadinhas e bricelets são algo bem consolidado, e fora isso, estamos num processo de patrimonialização da moqueca na palha. Outras comunidades ribeirinhas a fazem, mas em São Cristóvão essa cultura é muito forte porque estamos falando de uma cidade, de uma comunidade que nasce a partir do que a maré consegue proporcionar a elas, então essa identidade surge a partir disso, do que a natureza consegue proporcionar e o que as pessoas conseguem enxergar novos produtos a partir desses insumos”, explica Kaio.

A turismóloga conclui que a culinária sancristovense possui aspectos que a diferencia das demais, como os sabores, saberes e fazeres locais. Além disso, o município apresenta receitas e processos de produção que se distinguem uns dos outros, e enquanto elemento da cultura, a culinária é dinâmica, sendo transformada a todo o momento por quem a produz.

Fotos: Heitor Xavier e Alysson Rodrigues

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