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Poluição e descaso estão matando os Rios Sergipe e Poxim

O Rio Poxim (à direita) desagua no Sergipe (à esquerda), que lança suas águas no Oceano Atlântico

É visível a omissão das autoridades ambientais sobre a poluição dos Rios Sergipe e Poxim. O que se tem assistindo é um vergonhoso jogo de empurra entre órgãos públicos quando o assunto é responsabilizar quem polui estes dois importantes corpos d’água que cortam Aracaju. Quando surgem as chamadas línguas negras no estuário do Sergipe, a Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema) e Secretaria do Meio Ambiente da capital se esquivam, geralmente colocando a culpa na Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) que, por sua vez, faz vistas grossas para o problema ou revela não ter nada com a sujeira.

Língua negra poluindo os Rios Sergipe e Poxim, em plena zona sul de Aracaju

A bacia do Rio Sergipe drena 16,7% do estado. A criação do dia deste importante rio partiu de um projeto de lei da então deputada estadual Ana Lúcia Menezes (PT), em 2004. A partir daí, começou a ser discutida uma data significativa, que chamasse a atenção da sociedade e das autoridades para a problemática enfrentada pelo rio. Especialistas descobriram que em 3 de novembro, no início do século XX, o rio foi reconhecido como sergipano e que banhava a capital.

Rio Poxim

O rio Poxim, cujo ponto de confluência é próximo à embocadura do Rio Sergipe, forma com este o estuário no qual está assentada a cidade de Aracaju. Desde 1958 tem sido uma das fontes de suprimento de água para a capital, respondendo por 20,10% da demanda de água da capital.

Segundo estudos da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), o Rio Poxim é o mais poluído de Sergipe. A sujeira é tanta que todas as praias que recebem a água desse rio são consideradas impróprias para o banho. Ele percorre vários bairros da capital sergipana, onde a maioria não possui uma rede de saneamento correta, e todos os dejetos que saem das casas, sejam eles orgânicos ou artificiais, são jogados diretamente no Poxim. O popular Fernando Dantas, que costuma pescar no Rio Poxim, relatou: “Estou aqui só para passar o tempo. Esse é um rio quase morto, só consigo pegar pequenos bagres ou baiacus”.

Lixo lançado no rio

A destinação do lixo também é precária nas comunidades banhadas pelo Poxim: 45% dos resíduos são dispostos em área abertas; 33% são queimados; 8% enterrados e somente 12% são coletados pelos municípios. Foi constatada nesses lugares a presença de lixo nas margens do rio e de plantas aquáticas, principalmente Jacinto Aquático e Junco. O quadro de doenças entre os moradores da área, principalmente daqueles que são pescadores, vai de micoses (40%); verminoses (33,33%); disenteria (20%) à esquistossomose (6,67%).

O Poxim é formado principalmente pelos Rios Poxim-Açu, Poxim-Mirim e Pitanga, abrangendo os municípios de Aracaju, Areia Branca, Laranjeiras, Itaporanga, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão. É este corpo d’água que abastece a Barragem do Timbó, em São Cristóvão. Com uma altura máxima de 25 metros e cerca de 180 metros de base, este reservatódio tem mais de um quilômetro de comprimento. O seu tanque tem capacidade para 32 milhões de m³ em uma área de 5 milhões de m².

O pior é que não se conhece projetos direcionados à despoluição do Rio Poxim, responsável por 30% do abastecimento da Grande Aracaju. No inverno, sua vazão chega a 3 mil litros cúbicos por segundo. Apesar de sua importância hídrica, os órgãos públicos preferem fazer vistas grossas à poluição que mata suas flora e fauna. Caso nada seja feito, um dia não muito longe vamos ler reportagens dando conta que o Rio Poxim virou um imenso canal a céu aberto. Lastimável!

Foto: Pedro Leite

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