Sergipe é campeão do Sergipão
10 de abril de 2022
Hoje é Domingo de Ramos
10 de abril de 2022
Exibir tudo

Após pandemia, penitentes fazem procissão em Sergipe

Os penitentes percorrem cemitérios, santas-cruzes, cruzeiros e capelas

A tradicional procissão dos Penitentes de Nossa Senhora das Dores volta ser realizada agora em 2022 após dois anos sem ocorrer devido a pandemia da Covid-19. Realizado há mais de 100 anos naquele município sergipano (veja vídeo abaixo), este evento religioso acontece sempre na Sexta-Feira da Paixão (15), quando centenas de homens vestidos de branco e com capuzes nas cabeças percorrem cruzeiros, santa-cruzes de beira de estrada e cemitérios, rezando por eles e pelos que já estão em outro plano.

Há mais de 100 anos o município de Nossa Senhora das Dores é palco de penitências durante a Semana Santa. Neste período do calendário católico, situado na Quaresma (40 dias de preparação para a Páscoa), devotos de todo o mundo rememoram a paixão, morte e ressurreição de Cristo. Tradicionalmente, a Via-Sacra é uma das mais expressivas manifestações desta devoção, pois, através dela, os fiéis buscam repetir o sacrifício redentor de Jesus em seu percurso até o Calvário, onde foi crucificado pelo perdão dos pecadores, sentir suas dores e sofrer seu flagelo.

Pés descalços

Segundo o professor João Paulo Araújo de Carvalho, um estudioso do assunto, em Nossa Senhora das Dores, muitos prometem atuar como Penitentes por sete anos. Há casos de dorenses que, mesmo já tendo ido embora, retornam ao município na Semana Santa para pagar o prometido. Vale lembrar, que alguns Penitentes e Beatas fazem todo o percurso da procissão com os pés descalços, tornando sua caminhada ainda mais dolorosa e ajudando a manter viva a devoção à Paixão e Morte de Cristo em terras sergipanas.

Professor João Paulo explica que em Nossa Senhora das Dores a penitência é realizada não somente na sede do município, mas igualmente em povoados como Sucupira e Gado Bravo Norte (em ambos na quinta-feira da Semana Santa). Entretanto, conforme o estudioso no tema, é na cidade que esta prática se torna mais evidente, seja pela quantidade de devotos, seja pela atração de turistas e filhos ausentes que para ela se deslocam com o objetivo de acompanhar, assistir ou participar de algumas das manifestações penitencias que ocorrem na Sexta-feira Santa.

No nordeste brasileiro, durante a Quaresma, uma reminiscência medieval está enraizada desde os tempos coloniais: a procissão de Penitentes. Nesta prática, os devotos percorrem cemitérios, santas-cruzes, cruzeiros e capelas a penitenciarem-se, como pecadores arrependidos de suas falhas e desejosos de misericórdia para si ou para seus entes queridos já falecidos, mas, também, como promesseiros que alcançaram alguma graça e vêem nesse ato uma forma de agradecer aos céus pelas mesmas.

“No que se refere aos personagens envolvidos nos respectivos atos, ressaltamos a figura do penitente, com sua veste branca (simbolizando a pureza de espírito ao rezar), cordão de São Francisco na cintura e capuz cobrindo o rosto a preservar sua identidade; bem como a figura da beata, como se denomina a mulher que participa da procissão do Madeiro e que usa vestes negras a representar seu luto pela morte de Cristo, terço na mão em reverência à devoção a Maria e rosto encoberto”, explica João Paulo. O professor ressalta que alguns penitentes e beatas fazem todo o percurso com os pés descalços, tornando sua caminhada ainda mais dolorosa e ajudando a manter viva há mais de um século a devoção à Paixão e Morte de Cristo em terras sergipanas.

Por Destaquenoticias

 

 

Compartilhe:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *