Sergipe possui uma grande herança histórica e cultural. Duas cidades se destacam por serem verdadeiros museus vivos a céu aberto. São Cristóvão é a quarta cidade mais antiga do Brasil e antecedeu Aracaju como capital do Estado, e Laranjeiras, que ainda preserva antigos casarões frutos de uma época áurea no auge do ciclo canavieiro, foi chamada de Atenas Sergipana.
Conhecer as cidades históricas de Sergipe representa uma viagem ao passado de seu povo. Ainda hoje, nas suas ladeiras de pedras, nas informações de seus museus ou em uma breve conversa com moradores mais antigos, a memória histórica é preservada para futuras gerações. Além do patrimônio material, as duas cidades históricas também são conhecidas por possuírem grupos folclóricos de tradição secular que continuam cantando e recontando histórias do seu passado em constante diálogo com o presente.
São Cristóvão
A cidade fica localizada a 25 km de Aracaju, foi fundada em 1590 e é considerada a quarta cidade mais antiga do Brasil. Com acesso fácil e rápido saindo da capital, pode-se visitar aquela que foi a primeira capital da então Província de Sergipe Del Rei. Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan – preserva um conjunto arquitetônico colonial que encanta pela harmonia e é um verdadeiro mergulho no passado.
Contrastando com a cidade baixa, era no alto de suas colinas que se edificava a sede do poder civil e religioso. A ampla Praça de São Francisco, cujo centro ostenta um belo cruzeiro, apresenta um agrupamento arquitetônico formado pela Igreja e o Convento de São Francisco, do século XVII que abriga o Museu de Arte Sacra, pela Casa de Misericórdia, uma bela construção barroca que foi o primeiro hospital da Província de Sergipe no século XVII, e pelo Museu Histórico, antigo Palácio Provincial onde se hospedou Dom Pedro II ao visitar a cidade em 1860.
O conjunto arquitetônico da Praça São Francisco conquistou o título de Patrimônio Histórico da Humanidade, emitido pela Unesco em agosto de 2010.
Na Praça do Carmo o visitante encontra a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, construída pelos jesuítas no século XVIII. A santa que empresta seu nome a igreja era alvo de devoção dos escravos. Ainda hoje o local da praça é palco de manifestações populares de herança afro como a Taieira e a Chegança. Nesta praça também se situam a Igreja e o Convento do Carmo que abriga o Museu dos Ex-votos. No Convento, atual residência de freiras beneditinas, uma das atrações são os deliciosos biscoitos feitos pelas religiosas e disputados pelos turistas.
Laranjeiras
Situada a 20 km ao norte de Aracaju está Laranjeiras, reconhecida também como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, pelo Iphan. Surgiu com a ocupação do Vale do Cotinguiba, região marcada pelo grande número de engenhos e o plantio da cana-de-açúcar, e desde sua origem contou com a presença dos padres jesuítas que construíram, em 1701, a Igreja e a Casa do Retiro, sua primeira residência. Na época, tornou-se um importante centro comercial onde foi criada a primeira alfândega de Sergipe e um porto fluvial de intensa movimentação. A cidade atingiu seu maior esplendor no século XIX.
A riqueza gerada com a indústria açucareira permitiu o surgimento de uma importante arquitetura de igrejas e sobrados o que lhe confere o título de Museu a Céu Aberto. Gabinetes de leitura, clubes de teatro, colégios e jornais atestaram a intensa vida cultural da próspera Laranjeiras, lhe concedeu o título de Atenas Sergipana.
A Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Camandaroba, uma construção jesuítica do século XVIII, verdadeira obra-prima da arquitetura colonial, localiza-se a 1 km da sede. Diz a lenda que um túnel ligava a igreja à Gruta da Pedra Furada.
Igreja Matriz Sagrado Coração de Jesus – também do século XVIII – localizada no centro urbano foi construída para a aristocracia do açúcar. Possui um dos poucos órgãos de tubos existentes no Brasil.
Igreja de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário foi construída pelos escravos. Nesta construção de pedra e taipa é feita a coroação da Rainha das Taieiras na Festa dos Santos Reis. O visitante se encantará também com a Igreja do Senhor do Bonfim, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Homens Pardos, a Capela de Sant’Aninha, o Mercado e o Paço Municipal, o Trapiche – local onde era feito o desembarque e alojamento de escravos, o atual Centro de Tradições, além de seus diversos museus.
Laranjeiras também abriga um patrimônio imaterial riquíssimo formado por seu grande número de grupos folclóricos originais. A maioria desses grupos se encontram no povoado de remanescentes quilombolas, conhecidos como Mussuca. A cidade tem sediado durante 33 anos ininterruptos o Encontro Cultural de Laranjeiras, que tem como enfoque principal a cultura popular.
Fonte e foto: Portal Turismo Sergipe
1 Comments
Discordo dessa afirmação. São centros históricos. Para serem “museus a céu aberto” deveriam ter um projeto de musealização de território, com marcos identificadores e mapas públicos que propiciassem o conhecimento autônomo dos visitantes. Não são territórios “musealizados” ainda… O processo de musealização envolve muitas coisas que o senso comum desconhece. “Museu a céu aberto” nesse caso é somente uma expressão e não a realidade prática.