O pacote de sabão em pó passou de 1 kg para 800 g, o biscoito de 200 g agora tem 160 g, a aveia perdeu 35 g, o molho de tomate foi reduzido de 150 g para 120 g e até a caixa de fósforos diminuiu de 240 unidades para 200.
Com a inflação, os brasileiros também estão se deparando com a mudança do tamanho dos produtos nos supermercados, mas sem a queda dos preços.
Embora não seja novidade, a prática chamada de “reduflação” é uma estratégia das empresas que reduz o tamanho do produto em vez de elevar os preços.
Dessa forma, o consumidor não tem a sensação de que os preços dos produtos, sobretudo dos alimentos, estão subindo tanto.
Porém, a redução da quantidade significa, na prática, a mesma coisa. O consumidor paga mais por menos produto.
Empresas reduzem o tamanho d embalagens e mantêm os preços altos.
A inflação está na casa d dois dígitos. a velha tática d indústria d alimentos, higiene e limpeza generalizadam Chamam d reduflação q envolve diminuição d peso , tamanho dos produtos p/ camuflar o aumento de preço. pic.twitter.com/UiEv55CPXY— Arlequina@lico (@AndreaP56816373) May 31, 2022
Segundo o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), a presença de novas embalagens com diferentes quantidades é uma forma de driblar a lei, já que confunde as pessoas, que estão acostumadas a comprar os produtos e podem acabar não percebendo a diminuição do conteúdo das embalagens.
Apesar de a prática não ser ilegal, existem regras que as empresas devem seguir para que os consumidores não sejam lesados.
O Procon esclarece quais são as obrigações das empresas:
• Informar ao consumidor qual a quantidade que havia antes e qual há depois da alteração;
• Alertar para a mudança em local de rápida e fácil visualização, em negrito, caixa alta e em cor que contrasta com o resto da embalagem;
• Informar o tamanho da redução, tanto de forma percentual quanto de forma absoluta;
• Manter a informação sobre a mudança por pelo menos seis meses.
Se houver descumprimento dessas normas, o consumidor poderá denunciar a empresa aos órgãos responsáveis, como o Procon, o Senacom e o próprio Ministério da Justiça.
No caso, a empresa poderá ser punida por agir de má-fé e em “desconformidade com os princípios do dever à informação e transparência”, segundo o Procon.
Ainda que as empresas sigam essas regras, no entanto, a reduflação pode ser vista como “maquiagem do produto” e, conforme o Idec, utilizada para “não expor a própria imagem, ocultando o aumento do preço com a redução das embalagens”.
O Idec, em nota, se pronunciou sobre a reduflação e classificou a prática como uma forma de “driblar a lei”.
Outra estratégia utilizada pelas empresas é substituir ingredientes da receita por outros mais baratos, de forma a não repassar o aumento dos preços aos consumidores.
Um exemplo é a nova versão do leite condensado, mais barata, que provocou debate nas redes sociais. O produto lançado pela Nestlé não diminuiu de tamanho, mas é identificado como “mistura láctea condensada”, com ingredientes mais baratos.
“O Moça Pra Toda a Família é uma alternativa ao leite condensado com menor desembolso para as famílias brasileiras que querem continuar preparando suas receitas sem abrir mão da segurança do resultado e da qualidade Nestlé”, afirma a empresa em nota. ” O Moça Tradicional permanece sendo produzido pela Nestlé e comercializado nos principais pontos de venda de todo o país.”
Fonte: Portal R7 (Matéria atualizada em 15/06/2022)