Localizado no coração da Praça São Francisco, Centro de São Cristóvão, o Museu Histórico de Sergipe (MHS) é um marco na vida cultural sergipana. São mais de 60 anos reunindo um acervo valiosíssimo sobre o patrimônio cultural do estado, sua gente, curiosidades e é claro, arte. O local já foi prédio do Palácio Providencial (quando São Cristóvão era a capital de Sergipe), cadeia, escola e câmara dos vereadores. Toda a visita é guiada por especialistas, o que remete ao visitante entrar num contexto totalmente embasado sobre o passado do estado, a partir de sua própria identidade.
Fundado pelo então governador Luís Garcia, o Museu Histórico de Sergipe fez uma verdadeira revolução ao compor todo o acervo do local a partir de doações feitas pelos próprios sergipanos. A pedido do governador, os jornais da época solicitaram que as pessoas doassem objetos que tivessem relação direta com a formação cultural e artística dos sergipanos. Essa participação da sociedade na construção do MHS foi considerada um ato de extrema ousadia por parte dos organizadores do espaço.
O museu nasceu com a vocação de ser um núcleo de centralização das coisas de Sergipe. “Uma parte considerável veio de doações, enquanto outras peças foram adquiridas através do governador Luiz Garcia, oriundas de pessoas que colecionavam arte, como por exemplo, José Augusto Garcez, considerado o primeiro museológico do estado”, relembrou a coordenadora de Museologia do MHS, Rosângela Reis.
Outra particularidade que vale a pena ser ressaltada é que a primeira Composição Expográfica do museu foi realizada pelo renomado artista plástico, Jenner Augusto – dando ao MHS um Know-how já em seus primeiros dias de vida. “Outro ponto alto do acervo são as peças referentes ao pintor, Horácio Pinto da Hora, que possui uma sala dedicada exclusivamente ao seu trabalho, como forma de homenagear este laranjeirense reconhecido no mundo inteiro”, contou Rosângela.
Grafite sobre assassinato
Outro detalhe sobre Horácio Pinto da Hora e que pode ser visto no MHS foi o desenho em grafite feito por ele retratando o assassinato de Maria da Conceição, onde o autor do crime, seu amante, o desembargador José Cândido Pontes Figueroa usou requintes de crueldade para executá-la. O caso chocou o Brasil, tanto que Horácio Pinto da Hora desenhou, estilo revista em quadrinhos, o passo-a-passo do ocorrido. A riqueza dos detalhes chama atenção.
Ao todo, o MHS oferece 13 salas para visitações, sendo algumas salas permanentes e outras temporárias, que recebem exposições itinerantes ou que comportar peças oriundas do próprio museu (expostas em ocasiões especiais). Então, trata-se de um museu orgânico, com mudanças visuais realizadas constantemente. Uma sala exclusivamente composta por peças sobre o cangaço (criada para matar a curiosidade dos turistas, contendo peças como punhais, utensílios e roupas) também pode ser visitada.
O portal da Ordem dos Carmelitas, localizado praticamente na porta do MHS, dá às boas-vindas aos visitantes assim que estes adentram o museu. Um detalhe que deve ser contado é que o tapete vermelho, já na entrada do museu simboliza a visita de D. Pedro II a São Cristóvão em 1860. Outro ponto e que virou uma grande atração são alguns dos canhões usados na Guerra de Canudos (que passaram recentemente por um processo delicado de restauração).
Detalhe: Para adentrar ao MHS, o visitante precisa usar as tradicionais pantufas, para não desgastar o assoalho que por si só já uma obra-de-arte. Conhecer o MHS é a certeza de uma deliciosa viagem. Venha conhecer!