Por Adiberto de Souza *
Menos de uma semana após os registros de candidatura, vários postulantes a cargos eletivos já desistiram da empreitada. Na verdade, digamos assim, alguns foram “desistidos” pela Justiça, outros acabaram abortados pelo próprio partido devido a mudança de palanque presidenciável, saíram de campo por falta de apoio, principalmente de recursos para tocar a campanha, ou simplesmente correram do pau. Tem ainda aqueles que estão esperneando na Justiça para não serem “desistidos” também. Para abrir mão da candidatura à Câmara Federal, o vereador aracajuano Isac Silveira (PDT) alegou falta de apoio financeiro da legenda.
O “desistido” das eleições mais recente é o ex-deputado federal André Moura (UB). Numa curta mensagem postada no Instagram, ele anunciou que, “fazendo uma reflexão com a minha família, decidi concentrar os meus esforços na minha situação jurídica, para comprovar aquilo que tenho convicção plena, que é a minha inocência”. Não foi André quem decidiu, mas o Supremo Tribunal Federal.
Condenado à prisão
Em novembro de 2021, o Supremo Tribunal Federal condenou Moura em duas ações (APs 973 e 974) à pena de oito anos e três meses de prisão, em regime inicial fechado, pela prática dos crimes de peculato, desvio e apropriação de recursos públicos e associação criminosa. Moura também foi tornado inabilitado, por cinco anos, para o exercício de cargo ou função pública. Tão logo o STF aprovou as condenações, André desistiu de disputar o Senado e ficou alimentando uma candidatura à Câmara. Como até agora não conseguiu reverter a situação na Justiça, anunciou a desistência, ou seja a impossibilidade jurídica de disputar as eleições.
Faltando poucos dias para a convenção do PT, o deputado estadual João Marcelo divulgou nota informando ter desistido de tentar a reeleição para cuidar da esposa e do filho mais novo. Não foi bem assim: o parlamentar petista está inelegível da Silva Xavier. O Tribunal Superior Eleitoral confirmou, em abril passado, a condenação de João Marcelo por omissão de despesas e da superação do teto de gastos com a locação de automóveis quando era prefeito de Nossa Senhora das Dores, entre 2015 e 2016, condenando-o a oito anos de inelegibilidade.
Além de Emmanuel Franco Filho, os candidatos ao governo de Sergipe João Fontes (PTB) e Jorge Alberto (Pros) também bateram em retirada ou foram “desistidos” pelos próprios partidos, por motivos parecidos entre ambos. O petebista não registrou a candidatura na convenção estadual após o presidente de honra do partido, o presidiário Roberto Jefferson, ter se candidatado a presidente da República. Alegando ser bolsonarista, o sergipano tirou o time. Jorge Alberto, outro eleitor de Jair Bolsonaro (PL), saiu de campo depois de ficar sem chão quando a sua legenda resolveu subiu no palanque Lula da Silva (PT). Fontes arrumou um galho de 1º suplente do candidato a senador Eduardo Amorim (PL), enquanto o ex-postulante do Pros foi pra casa.
Candidatura no limbo
Há um caso emblemático: o presidente do PL de Aracaju, advogado Adir Machado, dormiu certo da homologação de sua candidatura a deputado federal, mas quando acordou recebeu um telefonema de uma pessoa da legenda informando que ele ficou fora da relação para a Câmara. Terça-feira (16), indagado sobre a situação, já que havia sido recebido, no dia anterior, pelo manda chuva da legenda, Edvan Amorim, o ainda não candidato Adir informou ao Destaquenotícias que “Segundo o Presidente vai tentar solucionar”. Pelo andar da carruagem, o presidente do PL de Aracaju está correndo um sério risco de ser “desistido” pelo próprio partido. Credo!
Não se surpreendam se os candidatos a governador, Valmir de Francisquinho (PL), e à Câmara Federal, Talysson de Valmir (PL), Valdevan Noventa (PL), Fábio Henrique (UB) e a vice governadora Eliane Aquino (PT) também forem “desistidos” das eleições deste ano. O Ministério Público Eleitoral já pediu a cabeça de todos eles. Valmir, o filho e Valdevan foram tornados inelegíveis em última instância da Justiça por abuso do poder econômico, enquanto Fábio teve rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União as contas da gestão como prefeito de Socorro. Eliane pode ficar de fora da disputa eleitoral por ter participado de reuniões de conselhos estaduais depois do prazo legal.
Portanto, aguardem os próximos capítulos, pois a novela eleitoral está apenas começando!
* É editor do Portal Destaquenotícias